Condenado por planejar atentado, George Washington se recusa a falar durante depoimento na CPMI do 8 de Janeiro

Política Nacional

Brasília, 23 de junho de 2023 – George Washington de Oliveira Sousa, condenado a nove anos e quatro meses de prisão por planejar um atentado com bomba próximo ao Aeroporto de Brasília, se recusou a responder às perguntas relacionadas ao crime durante seu depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, ocorrido nesta quinta-feira (22). A sessão foi marcada pela postura enigmática do réu, que repetidamente alegou seu direito de permanecer em silêncio, segurando um papel com instruções sobre como se comportar diante das perguntas.

Acompanhado de sua advogada, George Washington não forneceu informações sobre a origem dos explosivos, o financiamento de sua viagem a Brasília ou qualquer ajuda recebida na montagem da bomba. Ele afirmou que o ato pelo qual foi condenado não tinha relação com as invasões a prédios públicos ocorridas em 8 de janeiro, tema central da CPMI.

Durante a sessão, o réu preferiu se defender, alegando a presença de “infiltrados” entre os manifestantes que ocupavam o Quartel-General do Exército. Ele sugeriu que o próprio Exército identificava e removia esses infiltrados, e que novos surgiam após as descobertas. A Polícia Federal afirmou que os manifestantes responsáveis pela depredação do Supremo Tribunal Federal, Palácio do Planalto e Congresso Nacional em janeiro partiram do Quartel-General.

Um pedido de habeas corpus foi protocolado por George Washington no Supremo Tribunal Federal, aguardando decisão do relator, ministro Luiz Fux. Durante o depoimento, o réu também alegou que seu depoimento à polícia, prestado em 24 de dezembro, foi obtido sob coação, o que gerou reações dos membros da CPMI. A senadora Eliziane Gama considerou a denúncia infundada, destacando que o réu nunca havia mencionado coação anteriormente.

Além do depoimento de George Washington, a comissão ouviu os peritos Valdir Pires Dantas Filho e Renato Martins Carrijo, autores do laudo da Polícia Civil do Distrito Federal, além do delegado Leonardo de Castro. Os peritos revelaram que foram utilizados dispositivos explosivos destinados à destruição de rochas em pedreiras, e que os materiais pareciam deteriorados. O detonador foi improvisado com itens possivelmente adquiridos pela internet.

O réu atuou em conjunto com Alan Diego dos Santos Rodrigues, que foi condenado a cinco anos e quatro meses de prisão, na tentativa de colocar uma bomba em um caminhão-tanque carregado de combustível de aviação estacionado no Aeroporto de Brasília. O motorista do veículo percebeu a presença do explosivo, removeu-o e acionou a polícia antes da detonação.

Durante o depoimento, parlamentares protagonizaram momentos de tumulto. O deputado Pastor Henrique Vieira questionou se valia matar por uma causa política, enquanto outros deputados exigiram que Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, fosse preso por supostamente mentir em seu depoimento. O presidente da CPMI, Arthur Maia, interrompeu as discussões, ressaltando que não admitiria discursos políticos em questões de ordem e que não prenderia depoentes.

O depoimento de George Washington na CPMI do 8 de Janeiro revelou um cenário repleto de mistérios e silêncios. Enquanto os detalhes do atentado ainda são investigados, o réu mantém sua postura enigmática, recusando-se a fornecer informações que possam esclarecer os motivos e a extensão de suas ações. A CPMI segue seu trabalho em busca de respostas sobre os eventos que abalaram Brasília em janeiro deste ano.

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