Chefe de Sanções dos EUA se reúne com Flávio Bolsonaro no Senado e pode discutir sanções contra Moraes

Uma comitiva do Departamento de Estado dos Estados Unidos, liderada por David Gamble — coordenador interino de Sanções —, se reunirá nesta segunda-feira (5) com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O encontro ocorrerá no gabinete do parlamentar, no Senado Federal, em Brasília.

Embora a Embaixada dos EUA não confirme oficialmente que o tema das sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, esteja na pauta, fontes ligadas à diplomacia americana e à oposição brasileira indicam que o assunto poderá ser tratado de forma reservada durante as conversas.

A reunião faz parte de uma agenda mais ampla da delegação americana em Brasília. Segundo comunicado oficial, Gamble participará de uma série de encontros bilaterais para tratar de temas como o combate a organizações criminosas transnacionais, terrorismo e tráfico de drogas. No entanto, apurações indicam que a viagem também tem um componente político sensível, com foco nas ações do Judiciário brasileiro e possíveis violações de direitos fundamentais.

Deputados republicanos dos EUA, Rich McCormick e María Elvira Salazar, enviaram recentemente uma carta ao ex-presidente Donald Trump e ao secretário de Estado Marco Rubio, pedindo sanções contra Alexandre de Moraes com base na chamada Lei Magnitsky, que permite a imposição de punições a pessoas acusadas de corrupção ou de violar direitos humanos. Entre as penalidades sugeridas estão o bloqueio de bens e a proibição de entrada nos Estados Unidos.

Segundo os parlamentares americanos, o indiciamento de Jair Bolsonaro por uma suposta tentativa de golpe seria, na verdade, uma manobra para impedir sua candidatura presidencial em 2026.

Ainda nesta segunda-feira, após os compromissos no Senado, a comitiva americana deve visitar a residência do ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília. A visita havia sido considerada inconveniente inicialmente por causa de uma cirurgia recente do ex-mandatário, mas o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos, garantiu aos interlocutores que o pai está em condições de receber os visitantes.

A agenda também prevê reuniões com presidentes de comissões do Congresso Nacional e outros políticos da oposição. Os americanos pretendem ouvir relatos sobre ações das autoridades brasileiras contra jornalistas e parlamentares de direita, além de discutir as propostas de regulação das redes sociais em debate no Congresso.

A movimentação da delegação americana ocorre em meio a tensões entre o governo Lula e setores conservadores do Brasil e dos EUA, especialmente após o agravamento da crise institucional gerada por investigações contra aliados do ex-presidente Bolsonaro, como o escândalo recente no INSS.

Em nota oficial, a embaixada dos EUA reforçou que os compromissos da delegação envolvem temas técnicos e estratégicos, sem citar as discussões políticas que devem ocorrer nos bastidores da visita.

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Bruno Rigacci

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