Balança comercial tem pior fevereiro desde 2015 e registra déficit de US$ 323 milhões

A balança comercial brasileira registrou um déficit de US$ 323 milhões em fevereiro de 2024, marcando o primeiro saldo negativo para um mês completo desde 2022 e o pior desempenho para o mês de fevereiro desde 2015, quando o déficit foi de US$ 3,05 bilhões. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (7) pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Este resultado ficou aquém das expectativas do mercado, que projetava um superávit de US$ 1,9 bilhão para o mês. O déficit comercial foi impulsionado pela queda nas exportações e pelo aumento nas importações, com destaque para a forte alta das compras vindas da Ásia.

Fatores Que Impulsionaram o Resultado Negativo

Em fevereiro, as exportações brasileiras apresentaram uma queda de 6,7%, somando US$ 22,92 bilhões. Ao mesmo tempo, as importações aumentaram 21,3%, atingindo US$ 23,52 bilhões. A combinação desses fatores resultou no primeiro déficit comercial de um mês completo desde 2022.

Embora o Brasil ainda mantenha um superávit comercial acumulado de US$ 1,934 bilhão em 2024, o número representa uma queda expressiva de 82,9% em comparação com o mesmo período do ano passado. Esse resultado reflete as dificuldades do comércio exterior brasileiro, que enfrenta desafios tanto na exportação quanto nas importações.

Diminuição nas Exportações para a Ásia e Crescimento nas Importações

Um dos principais fatores para o déficit foi a queda significativa nas exportações para a Ásia, o principal destino dos produtos brasileiros. As vendas para China, Hong Kong e Macau despencaram 21,12% em fevereiro de 2024, em relação ao mesmo período de 2023. O total de exportações para o continente asiático caiu 14,11%, um reflexo da desaceleração econômica da região, especialmente da China.

Por outro lado, as exportações para outros mercados internacionais apresentaram resultados positivos. As vendas para a América do Norte aumentaram 20%, para a América do Sul houve um crescimento de 19,03%, e as exportações para a Europa cresceram 7,93%. Embora o Brasil tenha encontrado crescimento nesses mercados, a perda na Ásia foi suficiente para desequilibrar a balança comercial no mês.

Além disso, as importações brasileiras, especialmente as provenientes da Ásia, tiveram um aumento significativo. As compras da região cresceram 58%, com um aumento ainda mais expressivo de 76,8% nas importações da China, Hong Kong e Macau.

A Operação de Compra de Plataforma de Petróleo

Um fator específico que contribuiu para o déficit de fevereiro foi a aquisição de uma plataforma de extração de petróleo, no valor de US$ 2,7 bilhões. Segundo Herlon Brandão, diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do MDIC, se essa operação não tivesse ocorrido, a balança comercial brasileira teria registrado um superávit de US$ 2,4 bilhões no mês.

Perspectivas para o Comércio Exterior Brasileiro

O resultado negativo de fevereiro levanta preocupações sobre a tendência de um comércio exterior mais desafiador em 2024, especialmente com a queda nas exportações para mercados chave como a Ásia. O Brasil, no entanto, continua a manter um superávit comercial no acumulado do ano, apesar da queda acentuada comparada a 2023.

A evolução da balança comercial brasileira nos próximos meses dependerá de vários fatores, incluindo a retomada das exportações para mercados estratégicos como a China e o ajuste nas importações, que têm sido impulsionadas por operações pontuais, como a compra da plataforma de petróleo. A continuidade dessa desaceleração nas exportações e o aumento das importações exigirão uma atenção especial para que o país mantenha um desempenho equilibrado no comércio exterior.

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Bruno Rigacci

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