Agronegócio encolhe no segundo ano do Governo Lula e tem pior resultado desde 2016

O agronegócio brasileiro, um dos pilares da economia nacional e reconhecido mundialmente por sua relevância na segurança alimentar global, enfrenta um cenário de retração em 2024. Após anos de crescimento constante, o setor apresenta sinais preocupantes de estagnação e queda. No segundo ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam um desempenho negativo do agronegócio, com uma série de quedas consecutivas que colocam o setor em sua pior fase desde a crise econômica de 2016.

Desempenho do Setor em Queda

De acordo com o balanço das contas nacionais divulgado pelo IBGE, a produção agropecuária teve uma retração de 1,5% no quarto trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Este resultado marca a quarta queda consecutiva e consolida um ano de desempenho negativo para o setor. No acumulado de 2024, a produção agropecuária encolheu 3,2%, o pior desempenho desde 2016, quando a retração foi de 5,2%.

A sequência de resultados negativos reflete uma tendência que vem se consolidando ao longo do ano. A queda no setor foi registrada em todos os quatro trimestres de 2024:

  • 1º trimestre: queda de 5,5% em relação ao trimestre anterior;
  • 2º trimestre: recuo de 3,3%;
  • 3º trimestre: retração de 0,8%;
  • 4º trimestre: nova queda de 1,5%.

Impacto no Setor de Máquinas e Equipamentos

Além da redução na produção agropecuária, outros segmentos do agronegócio também enfrentam dificuldades. Um dos reflexos desse cenário é a drástica queda nas vendas de colheitadeiras de grãos, principal máquina do setor. Em 2024, as vendas deste equipamento caíram para menos da metade do registrado no ano anterior, um indicativo claro do impacto negativo no desempenho do setor.

Aumento na Recuperação Judicial e Inadimplência Bancária

O impacto financeiro da retração do agronegócio se reflete também no aumento no número de empresas do setor em recuperação judicial. Segundo dados da Serasa, o número de empresas agropecuárias em recuperação cresceu 60% em 2024, evidenciando a fragilidade financeira de muitas empresas do setor. No setor bancário, a inadimplência nos empréstimos rurais também disparou. O Banco do Brasil, principal instituição de crédito rural do país, registrou um aumento expressivo na inadimplência, que saltou de menos de 1% em 2023 para mais de 2% em 2024.

Desafios Enfrentados pelo Setor

Especialistas apontam vários fatores que contribuem para a retração do agronegócio brasileiro. Entre os principais desafios estão:

  1. Crédito mais caro e restrito: Com juros elevados e uma maior exigência para concessão de financiamentos, os produtores têm encontrado mais dificuldades para acessar o crédito necessário para financiar suas atividades.

  2. Queda nos preços das commodities agrícolas: A redução nos preços das principais commodities agrícolas brasileiras tem pressionado a rentabilidade dos produtores, que enfrentam uma margem de lucro cada vez mais apertada.

  3. Aumento nos custos de produção: O aumento nos preços dos insumos, especialmente aqueles importados e impactados pela variação cambial, tem elevado os custos de produção no setor agropecuário.

  4. Insegurança política e regulatória: A relação entre o agronegócio e o governo federal tem sido marcada por atritos, gerando insegurança política e regulatória que afeta a confiança dos investidores e a tomada de decisões no setor.

Cenário de Incertezas

Apesar de sua tradicional resiliência, o agronegócio brasileiro, que se manteve forte até mesmo durante a pandemia de Covid-19, agora enfrenta um cenário de incerteza e retração. O desempenho negativo do setor em 2024 levanta preocupações sobre o futuro próximo, especialmente considerando o impacto que uma crise prolongada pode ter sobre a economia nacional.

A expectativa é que o setor busque alternativas para superar esse momento difícil, mas a necessidade de um ambiente econômico mais favorável e estável, com crédito acessível e políticas públicas que incentivem a produção, será fundamental para que o agronegócio brasileiro volte a crescer e a desempenhar o papel de destaque que sempre teve na economia global.

A continuidade dessa crise no setor agropecuário é um dos maiores desafios do governo Lula em 2025, e os próximos meses serão decisivos para determinar se o Brasil conseguirá reverter esse quadro ou se o agronegócio enfrentará um período ainda mais difícil nos próximos anos.

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Bruno Rigacci

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