Mauro Cid desmente relatório da PF, em novo áudio obtido. É a desmoralização plena…
Em novo áudio obtido pela revista Veja, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, manifestou fortes críticas à forma como seus depoimentos à Polícia Federal (PF), no âmbito de um processo de delação premiada, foram registrados. Segundo Cid, os investigadores teriam atribuído palavras e frases que ele afirma nunca ter pronunciado, o que, para ele, comprometeria a credibilidade de toda a delação e prejudicaria o trabalho da PF, comandada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
No áudio gravado no primeiro semestre de 2024, Cid se mostra visivelmente irritado e perplexo com os registros feitos durante seus depoimentos, em especial a menção à palavra “golpe”, que, segundo ele, nunca foi dita. “Esse troço está entalado, cara. Está entalado. Você viu que o cara botou a palavra golpe, cara? Eu não falei uma vez a palavra golpe, eu não falei uma vez a palavra golpe”, diz Cid, em um tom de indignação.
A acusação de que palavras foram fabricadas ou distorcidas nas transcrições de seus depoimentos coloca em xeque a integridade do processo e levanta suspeitas sobre a imparcialidade das investigações conduzidas pela PF. Cid sugere que a utilização de termos como “golpe”, que têm grande carga política e podem ter implicações legais profundas, teria sido deliberada para fortalecer a narrativa da acusação.
Cid também expande suas críticas ao apontar que os registros dos depoimentos não apenas falham em refletir com precisão suas palavras, mas também que informações de caráter sigiloso têm sido vazadas para a imprensa. Essa situação, para ele, seria uma forma de desmoralizar o processo e colocar em risco a veracidade de sua colaboração com a Justiça.
A situação representa um novo ponto de tensão nas investigações em torno da gestão Bolsonaro e da atuação da PF sob a presidência de Lula. A delação premiada de Mauro Cid tem sido um dos elementos-chave nas investigações sobre supostos crimes envolvendo o ex-presidente e sua administração, mas a alegação de manipulação de seus depoimentos coloca dúvidas sobre a condução do caso e a confiabilidade das evidências reunidas.
Com essas novas declarações, o tenente-coronel parece reforçar sua postura de contestação ao processo de colaboração e também ao trabalho da Polícia Federal, o que poderá aumentar as críticas e divisões no cenário político, especialmente em um momento já sensível para as investigações.