Na reta final, Brasil teme que Milei emperre acordo Mercosul-UE

Na reta final das negociações, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva expressa preocupação com a postura da Argentina sob a liderança de Javier Milei, temendo que o país possa dificultar a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, um tema que será debatido durante a reunião do bloco sul-americano nesta sexta-feira (6/12). Fontes do governo brasileiro, que acompanham as tratativas, indicaram que, além das resistências da França, a posição do governo argentino também está sendo monitorada com atenção.

A diplomacia argentina já havia causado desconforto recentemente, como ocorreu na COP29, realizada em Baku, no Azerbaijão, onde Milei ordenou a retirada da delegação argentina do evento. Durante a reunião do G20 no Rio de Janeiro, o governo de Milei assinou a declaração final da cúpula de última hora, destacando divergências, especialmente em relação aos artigos sobre a limitação da liberdade de expressão na internet.

Apesar das preocupações, o chanceler argentino, Gerardo Werthein, afirmou nesta quinta-feira que, embora o apoio da Argentina ao acordo não seja “determinante”, o país estará a favor, desde que consiga algum benefício em troca. O governo Milei tem pressionado os membros do Mercosul a apoiarem sua demanda por mais flexibilidade nos acordos de livre-comércio, permitindo que os países possam fazer acordos individuais, fora das normas estabelecidas pelo bloco.

A expectativa da diplomacia brasileira é de que o acordo Mercosul-União Europeia seja finalmente ratificado durante a cúpula de chefes de Estado do Mercosul, que ocorrerá em Montevidéu, capital do Uruguai, nesta sexta-feira. Um sinal positivo para isso é a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no evento. Ursula afirmou nas redes sociais que a “linha de chegada” para o acordo está próxima e destacou as oportunidades que a parceria pode criar, com a formação de um mercado de 700 milhões de pessoas, o que seria a maior parceria comercial e de investimentos do mundo.

Contudo, o presidente francês, Emmanuel Macron, pressionado pelo setor agropecuário, criticou a proposta do acordo, classificando-a como “inaceitável do jeito que está”, segundo nota divulgada pelo Palácio do Eliseu.

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Bruno Rigacci

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