Sindicato culpa Globo por crise, fala em “lacração” e exige mudanças

A nota emitida por Hugo Gross, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Rio de Janeiro (SATED-RJ), traz à tona críticas severas à atual gestão da teledramaturgia da Globo, especialmente ao diretor José Luiz Villamarim, a quem Gross atribui a responsabilidade pela crise que atinge as novelas da emissora. A principal queixa é sobre a “pejotização” dos contratos e a perda do chamado “Padrão Globo de Qualidade”, que por décadas foi sinônimo de excelência na produção de novelas.

Segundo o comunicado, a queda na audiência das novelas, como “Mania de Você”, desde a sua estreia em 9 de setembro, reflete uma crise mais profunda na gestão criativa da emissora. O sindicato defende que o roteirista João Emanuel Carneiro, um dos principais nomes da teledramaturgia brasileira, está vendo sua obra sofrer intervenções indevidas da direção. Para Gross, esses cortes prejudicam a trama e o trabalho dos criadores, além de comprometer o produto final apresentado ao público.

A crítica também se estende às estratégias da Globo voltadas para o engajamento em redes sociais, vistas como tentativas de “lacrar” em detrimento da qualidade artística. A ênfase da emissora em influenciadores digitais e a escolha frequente dos mesmos atores nos elencos também são mencionadas como fatores que contribuem para a perda de inovação e diversidade nas produções.

Outro ponto delicado abordado na carta do Sated-RJ é a demissão de profissionais de renome, como o humorista Marcius Melhem, afastado após denúncias de assédio sexual, e o diretor Vinícius Coimbra, acusado de racismo nos bastidores de “Nos Tempos do Imperador” (2021). O sindicato questiona se esses cortes, sob a justificativa de uma reformulação na emissora, estariam na verdade aprofundando a crise de gestão.

Gross ainda destaca que, apesar da importância de pautas sociais afirmativas, elas não podem ser implementadas em detrimento do talento e da qualidade técnica. Para ele, a Globo precisa valorizar sua história e legado artístico, ao invés de focar apenas no impacto social imediato.

Por fim, o Sated-RJ exige uma mudança na liderança da teledramaturgia da Globo, apontando para a necessidade de um retorno aos valores de talento, criatividade e profissionalismo, que sempre foram o pilar do sucesso da emissora. Sem essa reformulação, o sindicato acredita que a Globo corre o risco de perder seu prestígio e prejudicar a carreira dos artistas que foram essenciais na construção da história da televisão brasileira. Até o momento, a Globo não se pronunciou sobre as críticas.

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Bruno Rigacci

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