Revista expõe o derretimento do PT no Nordeste
O cenário político para o PT nas eleições municipais de 2024 no Nordeste revelou-se extremamente desfavorável, sinalizando uma derrota significativa em uma região que historicamente deu suporte ao partido. Nas 27 maiores cidades da região, o PT não venceu em nenhuma no primeiro turno, com a maioria dos prefeitos eleitos pertencendo a partidos de direita, como o PL e União Brasil. Apenas uma capital, Recife, ficou com a esquerda, onde o PSB manteve o controle com a reeleição de João Campos.
Esse resultado contrasta fortemente com o desempenho do PT em 2022, quando o partido obteve expressiva votação no Nordeste nas eleições presidenciais, ajudando a eleger Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, nas eleições de 2024, o partido enfrenta um desgaste visível, perdendo força não apenas para adversários de direita, mas também para legendas centristas e até outras siglas de esquerda, como o próprio PSB, que emergiu como uma nova força na região.
Entre as principais capitais e cidades nordestinas, partidos de direita como o PL, PP e União Brasil dominaram as eleições. Em estados como Bahia, Alagoas e Sergipe, as prefeituras das maiores cidades foram conquistadas por candidatos de direita no primeiro turno. O PT só tem chances de disputar o segundo turno em Fortaleza e Caucaia, no Ceará, e em Natal, no Rio Grande do Norte. Em outras cidades, como João Pessoa e Imperatriz, candidatos de direita se enfrentam diretamente no segundo turno, sem a participação de partidos de esquerda.
O cientista político Murilo Medeiros, da Universidade de Brasília (UnB), destacou o enfraquecimento do PT no Nordeste, uma região que tradicionalmente apoiava o partido. Ele aponta que o desgaste é natural após sucessivas vitórias eleitorais, mas também atribui a queda ao distanciamento das pautas prioritárias para a população, como a segurança pública, que se tornou uma preocupação crescente nas capitais nordestinas.
Essa perda de espaço não é apenas para a direita, mas também dentro do campo da esquerda, onde o PSB começa a consolidar-se como uma força importante. João Campos, por exemplo, garantiu sua reeleição em Recife, sendo uma das poucas vitórias da esquerda na região. No entanto, o PT ainda mantém esperanças de conseguir algumas vitórias no segundo turno, mas o panorama geral sugere que o partido está perdendo sua hegemonia no Nordeste, um território que sempre foi crucial para suas vitórias eleitorais em nível nacional.
Essa reconfiguração política no Nordeste coloca desafios para o futuro do PT. A perda de influência em áreas estratégicas, como as capitais e maiores cidades da região, pode dificultar a articulação de alianças para eleições futuras, tanto em âmbitos estadual quanto federal. Além disso, a ascensão de legendas de direita e centro-direita na região demonstra que os ventos políticos no Nordeste estão mudando, exigindo do PT uma revisão de suas estratégias e discursos para reconquistar o eleitorado.