Sigilos de Lula incluem carta para Putin, Robinho e agenda de Janja
Durante a campanha presidencial de 2022 e em seu mandato subsequente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou-se contra a prática de tornar documentos oficiais secretos, criticando diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No entanto, parece que a realidade do terceiro governo Lula não está alinhada com esses discursos.
A extensa lista de documentos classificados como secretos sob a administração atual abrange uma ampla variedade de tópicos, desde uma carta enviada ao presidente russo Vladimir Putin, congratulando-o por sua reeleição em março deste ano, até as agendas da primeira-dama Rosângela Lula da Silva e informações oficiais relacionadas à prisão do jogador de futebol Robinho.
Carta para Putin: Em março, Lula enviou uma carta felicitando Putin após sua polêmica reeleição para mais seis anos como presidente da Rússia. Essa eleição ocorreu um mês após a morte de Alexei Navalny, um dos principais opositores de Putin, na prisão. O conteúdo da carta foi mantido em segredo, alegando proteger a “vida privada e a intimidade” do presidente, o que é questionável, pois a correspondência deveria ser uma comunicação oficial entre chefes de Estado.
Informações sobre Robinho: O governo Lula também impôs sigilo sobre as comunicações diplomáticas envolvendo o caso de Robinho, acusado de participar de um estupro coletivo em Milão, Itália. Condenado na Europa, sua sentença foi confirmada no Brasil pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), e ele está preso. O sigilo foi aplicado pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) a documentos que mencionam o ex-jogador.
Agenda de Janja: O governo também classificou como secreta a agenda da primeira-dama nos palácios da Alvorada e do Planalto, citando a proteção de dados pessoais. Isso contrasta com a decisão inicial do governo de divulgar a lista de visitantes da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que havia sido mantida em segredo durante a gestão Bolsonaro.
Visitas a Lula: As visitas a Lula no Palácio da Alvorada também foram mantidas em segredo, o que pode parecer contraditório, já que Lula revogou decretos semelhantes que mantinham em segredo as visitas ao ex-presidente Bolsonaro. Na época, a Controladoria-Geral da União (CGU) declarou que os registros das visitas aos palácios são de natureza pública e que informações restritas poderiam ser divulgadas, uma vez que Bolsonaro não era mais presidente.