Rosa Weber deixa o STF: “Erra quem nos vê como ilhas”

A ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), emocionou-se em sua última sessão na Corte, que ocorreu nesta quarta-feira (27). Ela encerrou seu discurso com lágrimas nos olhos e a declaração de que já estava “tomada de saudades antecipadas”.

Rosa Weber assumiu a presidência do STF em setembro de 2022 e ao longo de seu mandato ganhou a confiança de seus colegas, sendo reconhecida por seu perfil conciliador. Em seu discurso de despedida, ela enfatizou a importância das relações de amizade, respeito e companheirismo entre os membros da Corte.

Outra marca de sua gestão foi seu compromisso em reconstruir o STF após os eventos radicais de 8 de janeiro, quando a Corte foi alvo de ataques antidemocráticos. Rosa Weber se tornou uma porta-voz do Judiciário em relação aos ataques e trabalhou para encontrar uma solução para o julgamento dos envolvidos nesses eventos, enfatizando que o episódio não deve ser esquecido para preservar a memória institucional.

Durante sua presidência, Rosa Weber usou seu controle sobre a agenda do STF para pautar julgamentos relacionados aos direitos de minorias, incluindo questões como o marco temporal para demarcação de terras indígenas e a descriminalização do aborto. Ela também liderou no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) o debate sobre a aprovação de uma resolução que promove a paridade de gênero na segunda instância, buscando equilibrar a representação de homens e mulheres no Judiciário.

Rosa Weber foi a terceira e última mulher a tomar posse no STF até o momento. Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicar mais um ministro homem, como sinalizou, o STF ficará sem uma mulher na presidência pelos próximos 14 anos. Além disso, contará com apenas uma ministra, Cármen Lúcia, entre os onze integrantes da Corte.

A ministra é conhecida por seu estilo discreto e por evitar os holofotes, mantendo uma atuação reservada nos autos e evitando a imprensa. Sua carreira foi construída na Justiça do Trabalho, e ela chegou ao STF por indicação da então presidente Dilma Rousseff. Durante seu mandato, seu voto favorável à descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação gerou controvérsia, especialmente considerando o risco de ser sucedida por outro homem no STF que poderia votar de maneira diferente nessa questão.

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Bruno Rigacci

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