MST volta a invadir centro de pesquisas da Embrapa Semiárido em Petrolina

Política Nacional

Cerca de 1.500 integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST) retomaram a invasão, no final da tarde deste domingo (30), de um centro de pesquisas da Embrapa Semiárido em Petrolina, Pernambuco. O órgão está vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária. A decisão foi tomada pelo movimento devido ao governo Lula (PT) não cumprir a promessa de destinar áreas para assentar as famílias acampadas na região, conforme acordado durante as negociações em abril deste ano, como parte do “Abril Vermelho”, a jornada de manifestações do MST.

A nova invasão aconteceu na véspera da abertura do Semiárido Show, um dos eventos mais importantes da região, que tem o objetivo de repassar tecnologias aos pequenos agricultores do semiárido. A área de exposições foi totalmente ocupada pelos sem-terra, impedindo a realização do evento que estava previsto para começar nesta terça-feira (1°).

Segundo o MST, desde as negociações para a desocupação em abril, não houve avanço nos acordos, que ficaram estagnados. Na época das invasões em abril, o Planalto também foi afastado da Agrishow, a maior feira do agronegócio na América Latina, em São Paulo. O ministro da Agricultura e Abastecimento, Carlos Fávaro, foi “desconvidado” da abertura da feira após os organizadores serem informados que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria presente.

Em resposta às invasões de abril, a bancada ruralista na Câmara conseguiu apoio para a instalação de uma CPI do MST. As oitivas da comissão serão retomadas nesta semana, com o depoimento do ex-ministro do GSI do governo Lula, G. Dias, na condição de testemunha. O presidente da CPI que investiga o movimento, deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), classificou as ações do grupo como um “deboche” e afirmou que o governo é “conivente” com o MST.

O MST informou que a ocupação da área da Embrapa em Pernambuco foi decidida em assembleia, e reivindicou que o governo cumpra seu papel em atender as demandas da reforma agrária e das políticas voltadas para os movimentos sociais. O governo havia prometido destinar parte dos dois mil hectares da fazenda da Embrapa para assentar famílias e levantar áreas de outros órgãos federais para fazer assentamentos, além de reativar a superintendência do Incra de Petrolina. O movimento alega que os acordos foram rompidos e que não houve avanço nessas questões.

A Embrapa Semiárido confirmou a invasão e informou que tomará as medidas judiciais necessárias para a reintegração na posse da área. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) foi informado do ocorrido e está preparando uma manifestação oficial sobre a situação.

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