Os poderosos não vão descansar enquanto o senador Sergio Moro (União-PR) e o ex-deputado federal Deltan Dallagnol não estiverem presos

Política Nacional

A operação Lava Jato, considerada a maior operação de combate à corrupção da história do Brasil, está enfrentando uma série de reveses e ameaças aos seus principais protagonistas. Essa é a conclusão de Rodrigo Chemim, procurador do Ministério Público do Paraná (MP-PR) e autor do livro “Mãos Limpas e Lava Jato: a corrupção se olha no espelho” (2017).

Chemim, que é doutor em Direito de Estado, lamenta o possível “desfecho melancólico” da Lava Jato, que está sendo ainda pior do que o da operação Mãos Limpas, realizada na Itália nos anos 1990 e que serviu de inspiração para a Lava Jato. Ele destaca as semelhanças entre as duas operações, desde a descoberta de esquemas corruptos nos setores público e privado até as estratégias adotadas pelos investigados para escapar da Justiça.

Segundo Chemim, será necessário um longo período de tempo para restaurar o papel saneador da Lava Jato, que está sendo desmantelada de forma implacável. Ele acredita que isso só será possível com o ressurgimento do apoio popular e uma maioria parlamentar comprometida com a causa, além da conscientização das gerações futuras sobre a importância da ética.

Um dos fatos que confirmam a previsão de Chemim é a recente cassação do mandato do ex-deputado federal Deltan Dallagnol, que fazia parte da Lava Jato. Essa cassação representa um grave revés para a operação, pois demonstra que os poderosos estão dispostos a atacar e derrotar seus principais protagonistas.

Chemim ressalta que a migração de Sergio Moro e Deltan Dallagnol para a arena política não foi uma boa estratégia. Ele acredita que eles buscaram postos de poder na esperança de potencializar o combate à corrupção, mas acabaram fornecendo argumentos aos críticos da Lava Jato. Segundo Chemim, Moro e Dallagnol atingiram seus limites e estavam sem espaço para continuar lutando.

Uma das críticas atribuídas à Lava Jato é a de atuação antipolítica. No entanto, Chemim argumenta que a operação tratou exclusivamente de fatos e reuniu inúmeras provas de corrupção sistêmica. Ele destaca que o discurso vitimista da classe política é semelhante ao utilizado durante a operação Mãos Limpas na Itália.

Chemim também aborda a reação contrária que operações de combate à corrupção com respaldo popular enfrentam. Ele destaca que, no caso brasileiro, a reação foi unida e coordenada por um establishment poderoso, que se sentiu ameaçado pelas investigações. Essa reação resultou em mudanças na interpretação da legislação e no esvaziamento das operações.

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