URGENTE: Moraes procurou presidente do Banco Central para pedir pelo Master
Uma reportagem publicada pela jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, trouxe novos e graves elementos ao caso envolvendo o Banco Master e integrantes das mais altas instituições da República. Segundo o texto, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes teria procurado o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ao menos quatro vezes para tratar da situação do banco controlado pelo empresário Daniel Vorcaro.
De acordo com a apuração do blog, baseada em seis fontes diferentes, Moraes fez pelo menos três contatos telefônicos e participou de um encontro presencial com Galípolo. Nessas conversas, o ministro teria demonstrado interesse no andamento da operação de venda do Banco Master para o BRB, anunciada em março, mas que dependia de autorização do Banco Central.
Segundo relatos atribuídos a integrantes do BC, Moraes teria afirmado que “gostava de Vorcaro” e repetido o argumento de que o banco estaria sendo prejudicado por incomodar grandes instituições financeiras. Ainda conforme a reportagem, o ministro teria pedido que o Banco Central aprovasse a operação, em um momento em que já existia divergência interna entre diretores sobre decretar ou não uma intervenção no banco.
Galípolo, ainda segundo os relatos, informou ao ministro que técnicos do BC haviam identificado fraudes no repasse de R$ 12,2 bilhões em créditos do Master para o BRB. Diante dessa informação, Moraes teria reconhecido que, caso a fraude fosse confirmada, a operação não poderia ser aprovada.
Em 18 de novembro, enquanto a Polícia Federal prendia Daniel Vorcaro e outros seis executivos investigados pelas fraudes, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master.
Procurados pela reportagem, Alexandre de Moraes e Gabriel Galípolo não se manifestaram.
Outro ponto sensível revelado pelo texto diz respeito a um contrato firmado entre o Banco Master e o escritório Barci de Moraes Associados, pertencente à esposa do ministro, Viviane Barci de Moraes. O contrato previa pagamentos de R$ 3,6 milhões mensais por três anos, totalizando cerca de R$ 130 milhões, para representar os interesses do banco junto ao Banco Central, Receita Federal, Cade e Congresso Nacional.
No entanto, segundo respostas obtidas via Lei de Acesso à Informação, tanto o BC quanto o Cade afirmaram não ter recebido pedidos de reuniões, petições ou documentos do escritório relacionados ao Banco Master.
A reportagem também destaca o clima de tensão entre técnicos do Banco Central, que relataram ao Ministério Público e à Polícia Federal nunca terem sofrido tanta pressão política em favor de uma única instituição financeira. Parte desse receio se intensificou após o ministro Dias Toffoli avocar o caso para o STF, decretar sigilo total e determinar que as oitivas da PF ocorram sob supervisão direta de seu gabinete.
Em entrevista coletiva recente, Galípolo afirmou estar à disposição do Supremo para prestar esclarecimentos e ressaltou que todas as ações, reuniões e comunicações no caso foram devidamente documentadas, como forma de resguardar a instituição.
O episódio ganhou novos desdobramentos na sexta-feira (19), quando o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Jhonatan de Jesus, determinou que o Banco Central envie esclarecimentos sobre o processo de liquidação do Master. A medida, porém, causou estranhamento entre especialistas, já que o TCU não possui atribuição direta sobre transações entre instituições privadas do sistema financeiro.
A reportagem aumenta a pressão institucional em torno do caso e deve aprofundar o debate sobre limites de atuação entre os Poderes, transparência e possíveis conflitos de interesse no alto escalão da República.





