Lula entra em campo para proteger seu ‘escolhido’

Diante da possibilidade concreta de o Senado rejeitar a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF), o Palácio do Planalto intensificou articulações com sua base no Congresso para conter uma crise política em formação.

A principal frente de atuação do governo tem sido bloquear qualquer movimento que leve Messias a depor na CPI mista do INSS — comissão que apura um esquema responsável por desviar bilhões de reais por meio de descontos ilegais aplicados a aposentados e pensionistas.

Acusações da oposição

Parlamentares da oposição afirmam que Messias teria atuado para proteger um sindicato supostamente envolvido nas irregularidades ao não solicitar o bloqueio de seus recursos — medida que a AGU costuma adotar em casos semelhantes. Messias nega omissão.

Os oposicionistas baseiam-se em um documento enviado por procuradores federais, em 2024, à Advocacia-Geral da União, que alertava sobre o acúmulo de queixas envolvendo descontos irregulares em benefícios previdenciários. O informe citava diretamente o Sindinapi, entidade cujo vice-presidente é Frei Chico, irmão do presidente Lula.

Embate com a CPI

Em maio deste ano, durante participação no programa Bom Dia, Ministro, Messias afirmou que o andamento da CPI poderia dificultar o ressarcimento às vítimas dos descontos indevidos. A declaração foi mal recebida pelo colegiado, que ampliou a pressão por sua convocação.

Na semana passada, a comissão optou por adiar a votação de um requerimento para ouvir o advogado-geral da União, mas o movimento parlamentar continua. O pedido será novamente discutido no dia 4, com o argumento de que Messias precisa esclarecer a atuação da AGU na apuração das fraudes.

Clima político

Nos bastidores, aliados reconhecem que uma eventual rejeição de Messias ao STF seria um duro revés para o governo. Já oposicionistas afirmam que o Planalto demonstra preocupação crescente diante da possibilidade de derrota, o que intensifica a disputa política em torno da CPI e da indicação ao Supremo.

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Bruno Rigacci

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