Michelle se manifesta sobre um estranho encontro de Lula
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), usou as redes sociais para criticar de forma velada o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, favorito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na noite desta quinta-feira (16/10), Michelle repostou, em seus Stories do Instagram, uma imagem da reunião entre Lula, Messias e lideranças evangélicas, acompanhada de três versículos bíblicos: Apocalipse 22:11, Números 24:9 e Mateus 6:24. A postagem foi interpretada como uma crítica direta ao ministro, especialmente diante da expectativa de sua nomeação para o STF, após o anúncio da aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso.
A escolha dos versículos sugere uma mensagem de julgamento e dualidade moral. Um dos trechos destacados, Mateus 6:24, afirma: “Ninguém pode servir a dois senhores, pois amará um e odiará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro”. Já Apocalipse 22:11 traz uma mensagem sobre justiça e impureza: “Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem é sujo, seja sujo ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda”.
A publicação de Michelle ocorre no contexto de uma movimentação política do governo junto ao setor evangélico. No mesmo dia, Lula se reuniu com o bispo Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus de Madureira, o deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP), além de Jorge Messias e da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT). A reunião foi entendida como um gesto estratégico para amenizar a resistência do segmento evangélico à indicação de Messias ao STF.
Nos bastidores, lideranças da direita já expressam contrariedade com a possível nomeação, apontando a falta de identificação de Messias com pautas conservadoras. A crítica de Michelle, que vem se consolidando como voz ativa entre os bolsonaristas, reforça o desconforto no campo evangélico mais alinhado à oposição.
Indicação ao STF
A vaga em disputa é decorrente da aposentadoria de Barroso, que deixou o cargo nesta semana. Jorge Messias, conhecido por sua atuação discreta e técnica, tem o apoio de Lula e é apontado como favorito dentro do governo. Caso se confirme a nomeação, ele será o terceiro ministro indicado por Lula ao Supremo em seu terceiro mandato.
Enquanto o Palácio do Planalto busca costurar apoio político e religioso para sustentar a escolha, a oposição já se mobiliza nas redes e nos bastidores do Senado, onde o indicado precisa ser sabatinado e aprovado para assumir a cadeira no STF.