Trump corta Lula da reunião com líderes mundiais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não incluiu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua agenda de reuniões bilaterais durante a 80ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. A lista de compromissos, divulgada nesta segunda-feira (22) pela Casa Branca, evidencia o clima de tensão diplomática crescente entre os dois países.

Segundo a porta-voz Karoline Leavitt, Trump terá ao menos quatro reuniões bilaterais, incluindo encontros com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e os presidentes Volodymyr Zelensky (Ucrânia) e Javier Milei (Argentina), além de representantes da União Europeia. O presidente norte-americano também participará de reuniões multilaterais com chefes de Estado de países como Qatar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Indonésia, Turquia, Paquistão e Egito.

Apesar da presença de Lula em Nova York, não há previsão de encontro formal entre os dois presidentes. Pela tradição da ONU, o chefe de Estado brasileiro abre os discursos da assembleia nesta terça-feira (23), seguido pelo presidente norte-americano, que, como líder do país-sede, fala logo em seguida.

Clima de tensão diplomática

A ausência de Lula na agenda de Trump ocorre em meio ao agravamento da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, marcada por sanções impostas por Washington a autoridades brasileiras, especialmente ligadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Polícia Federal.

Nesta segunda-feira, o Departamento do Tesouro dos EUA anunciou sanções contra Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, e contra a empresa da qual ela é sócia. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, prometeu ampliar as medidas contra aliados do magistrado, acusado pelo governo norte-americano de promover uma “campanha de censura” e “processos politizados” contra Jair Bolsonaro.

Além disso, os vistos do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e do delegado Fábio Schor — responsável pelo inquérito sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro — foram suspensos. O advogado-geral da União, Jorge Messias, também foi atingido por restrições semelhantes.

Isolamento político e diplomático

A exclusão de Lula da agenda de reuniões reforça o isolamento diplomático do Brasil frente à nova gestão Trump, marcada por forte alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro. A ausência de diálogo direto entre os dois chefes de Estado, em um dos eventos multilaterais mais importantes do calendário internacional, é vista por analistas como sinal claro de distanciamento político e estratégico.

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Bruno Rigacci

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