Escritório de filho de presidente da Caixa do governo Lula estaria na rota da propina, aponta PF

A Polícia Federal identificou indícios de que o escritório de advocacia de Carlos Vieira Filho, filho do presidente da Caixa Econômica Federal (Carlos Vieira), vem sendo utilizado como intermediário em um esquema de propina com ligações ao setor de mineração. Isso faz parte da Operação Rejeito, deflagrada em meados de setembro.

O que apura a investigação

  • De acordo com a PF, o escritório “Queiroga, Vieira, Queiroz & Ramos Advocacia”, no qual Vieira Filho é sócio, disfarçava repasses ilícitos como contratos de honorários advocatícios.

  • O destinatário final da suposta propina seria Caio Mário Seabra, diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), preso na operação.

  • A mineradora envolvida é a Aiga Mineração, controlada por Alan Cavalcante, João Alberto Lages (ex‑deputado estadual) e Helder Adriano de Freitas.

  • O contrato entre a Aiga e o escritório de Vieira Filho previa:

    1. pró-labore de ~ R$ 300 mil;

    2. honorários de êxito de ~ R$ 2,7 milhões, condicionados à decisão favorável da ANM no litígio entre Aiga e Vale, sobre rejeitos deixados pela mineradora Vale.

  • No entanto, um ponto que chamou atenção dos investigadores: a procuração que daria poderes ao escritório foi assinada dez dias após o voto de Seabra que favoreceu a Aiga — o que sugere que o resultado já estava decidido ou encaminhado antes do contrato formal de prestação de serviço.

  • A PF afirma que há “fortes indícios” de que o escritório não prestou serviço compatível com o valor do contrato, ou que a prestação de serviço foi simulada ou artificial, ou seja, não contribuiu efetivamente para o êxito da causa.

Defesa e contestação

  • Vieira Filho negou as acusações, dizendo se tratar de “injustiça”, e afirmou que pretende peticionar ao juiz para demonstrar que nada disso ocorreu.

  • O escritório de advocacia afirmou que não recebeu qualquer honorário de êxito até o momento, apenas o pró-labore inicial.

  • Também sustentam que há peças protocoladas em processos relacionados à ANM e à Justiça Federal, o que, segundo seus representantes, demonstraria atuação concreta em favor dos interesses aceitos.

Implicações políticas e legais

  • Se comprovado, o esquema pode configurar lavagem de dinheiro, corrupção e favorecimento na administração pública, com agentes públicos, órgão regulador e advogados envolvidos.

  • O fato de Vieira Filho ser filho do presidente da Caixa Econômica adiciona visibilidade e risco político ao caso, ainda que não haja até agora indícios de que o presidente da Caixa esteja diretamente envolvido.

  • Também levanta questionamentos sobre modus operandi em contratos condicionados a êxito, principalmente quando há proximidade temporal entre decisões favoráveis e formalizações contratuais suspeitas.

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Bruno Rigacci

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