Durante a histórica sessão desta quinta-feira, 11 de setembro, em que a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, a postura de alguns ministros ao definir as penas dos réus provocou críticas até de setores tradicionalmente considerados mais alinhados às decisões da Corte.
Na GloboNews, a jornalista Natuza Nery foi direta ao expressar incômodo com o tom adotado pelos magistrados durante a fase mais decisiva do julgamento, quando as penas começaram a ser fixadas. Para ela, o clima da sessão soou inadequado diante da seriedade do caso.
“Não gostei do tom da definição das penas (…) E um ano de prisão na vida de uma pessoa é muita coisa”, disse Natuza ao vivo, em transmissão que repercutiu amplamente nas redes sociais.
A crítica inesperada foi rapidamente amplificada por internautas e analistas políticos, que enxergaram na observação da jornalista um reflexo do desgaste de imagem do STF perante a opinião pública. Para muitos, a Corte deveria adotar uma conduta mais solene e técnica, especialmente em julgamentos com tamanho impacto institucional e histórico.
Clima de “brincadeira” incomodou
De acordo com relatos, houve momentos da sessão em que ministros demonstraram um tom considerado “relaxado demais”, até mesmo com risos pontuais ou comentários considerados fora de lugar por parte da audiência. A atitude contrastou com o peso das acusações: tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e ataque à democracia.
Em um cenário já polarizado, a conduta dos ministros acabou servindo como combustível para narrativas críticas ao Supremo, tanto por opositores políticos quanto por setores da sociedade civil e imprensa.
Divisão no cenário político
A condenação de Bolsonaro também reacendeu tensões no meio político. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado do ex-presidente, classificou a sentença como “injusta” e disse enxergar um “claro viés político” na decisão.
Já a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro publicou nas redes sociais uma mensagem enigmática sobre “justiça”, interpretada como uma reação à condenação do marido.
Reflexos na mídia e no STF
O episódio marca um ponto de inflexão: a crítica pública, ainda que sutil, de jornalistas de grandes veículos como a GloboNews pode indicar um novo grau de vigilância e distanciamento da imprensa em relação à atuação do Supremo.
Para especialistas em comunicação política, o STF enfrenta agora o desafio de manter sua autoridade sem perder o respeito e a confiança da sociedade, especialmente em tempos de desgaste institucional e descrença generalizada nas instituições.