AO VIVO: Ameaças, tumulto e briga na Câmara!
A noite desta quarta-feira (6) na Câmara dos Deputados entrou para a história recente do Legislativo como um dos momentos mais tensos e dramáticos desde a redemocratização. Em meio ao impasse entre parlamentares da oposição e a presidência da Casa, o presidente interino da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu convocar uma sessão presencial no plenário, mesmo com a ocupação em curso por deputados contrários às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O clima esquentou quando Hugo Motta declarou que qualquer deputado que insistisse em obstruir os trabalhos seria suspenso e poderia ser retirado do plenário pela Polícia Legislativa.
“Se houver obstrução deliberada, a suspensão será imediata e, se necessário, faremos a retirada pela força policial. O Parlamento tem regras e deve funcionar”, teria afirmado Motta em reunião prévia com líderes.
A medida é vista como uma escalada inédita na crise entre parlamentares e o comando da Câmara, que tenta retomar o funcionamento normal da Casa após três dias de protestos liderados por parlamentares da oposição, especialmente do PL e do Novo, que ocupam o plenário desde segunda-feira (4).
Deputada com bebê desafia presidente
O ponto mais emblemático da noite foi o desabafo da deputada Júlia Zanatta (PL-SC), que compareceu ao plenário com sua filha de colo, após ser chamada por colegas para reforçar a ocupação. Em tom desafiador, ela confrontou publicamente Hugo Motta:
“Eu estava em casa, fui chamada pelos colegas e tive que vir com a minha bebê (…) será que eles vão tirar a gente à força? Hugo Motta disse que tinha nojo da ditadura. Pois bem, ele vai usar a polícia contra uma mãe com um bebê no colo?”, questionou.
A imagem da deputada com a criança nos braços rapidamente viralizou nas redes sociais e passou a ser usada por apoiadores da oposição como símbolo da resistência parlamentar contra o que chamam de “judicialização da política” e “censura institucional”.
Sessão marcada em meio ao caos
Apesar da ocupação, Hugo Motta manteve a sessão convocada para a noite desta quarta, mesmo com diversos parlamentares ainda acampados no plenário, impedindo o andamento dos trabalhos legislativos. O ato é interpretado como uma tentativa do presidente da Câmara de retomar o controle institucional e mostrar força política, após dias de paralisia.
O gesto, no entanto, pode acirrar ainda mais os ânimos, especialmente se a polícia legislativa for de fato acionada para retirar parlamentares à força — algo que não tem precedentes na história recente da Casa.
Risco de ruptura institucional
O momento é considerado extremamente delicado. Nos bastidores, lideranças políticas temem que uma eventual retirada coercitiva de deputados — especialmente com imagens de mães com filhos sendo abordadas pela polícia — possa reverberar negativamente na opinião pública e detonar uma nova crise institucional, ampliando o desgaste já existente entre Congresso, Judiciário e Executivo.
A pressão sobre Hugo Motta também aumenta, com parlamentares questionando sua legitimidade para adotar medidas tão extremas. Arthur Lira, presidente da Casa, está ausente, o que transfere ao vice-presidente e outros membros da Mesa a responsabilidade sobre as decisões mais sensíveis.
Conclusão
A situação na Câmara dos Deputados é crítica e sem precedentes nos últimos anos. A sessão convocada para esta noite será um divisor de águas político e simbólico. A depender da postura de Hugo Motta e da reação da oposição, o Brasil pode assistir a um novo capítulo de ruptura institucional — ou a um recuo estratégico que tente restabelecer o diálogo entre os Poderes.
Uma coisa é certa: o que está acontecendo no plenário da Câmara nesta quarta-feira vai entrar para os livros de história.