Mauro Cid abre o bico e Bolsonaro comemora: “Está confirmado! Filipe Martins foi preso ilegalmente”
Durante sessão no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (14), o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, prestou novo depoimento e negou qualquer envolvimento do ex-assessor da Presidência Filipe Martins na viagem aos Estados Unidos e na chamada “minuta do golpe”. As declarações foram recebidas com comemoração pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que voltou a acusar o sistema judicial de perseguição e prisão política.
“Está confirmado: Filipe Martins foi preso ilegalmente por uma viagem que ele não fez, e que até o próprio coronel delator agora confirma que jamais ocorreu”, publicou Bolsonaro em suas redes sociais.
Martins está preso desde janeiro deste ano, acusado de participar de uma tentativa de articulação golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, a fala de Mauro Cid lança dúvidas sobre os fundamentos de sua detenção.
O que disse Mauro Cid
De acordo com o advogado de defesa de Filipe Martins, Jeffrey Chiquini, Cid declarou o seguinte ao STF:
Filipe Martins não viajou aos EUA com Jair Bolsonaro, contrariando parte da narrativa de acusação.
Não há prova de que Martins tenha participado da redação ou discussão de qualquer minuta de golpe.
Nenhuma das supostas “minutas” — nem a encontrada com Anderson Torres nem a extraída do celular de Mauro Cid — é de autoria de Martins.
Martins nunca participou de reuniões com os comandantes das Forças Armadas durante o governo Bolsonaro.
A minuta, segundo Cid, “não dava ordem a ninguém, nunca foi assinada, e não possui valor legal ou operacional”.
Reações e críticas ao processo
A defesa de Martins reforça que a prisão foi baseada em uma construção narrativa frágil e sem respaldo fático. Para os advogados, o depoimento de Cid reforça que houve abuso de poder e desvio de finalidade na investigação.
“Filipe Martins foi mantido preso por mais de seis meses com base em premissas que agora se revelam falsas. O próprio delator central do caso afirma não ter nada contra ele”, disse o advogado Chiquini.
O ex-presidente Bolsonaro também criticou duramente o andamento do processo:
“Essa é uma das páginas mais vergonhosas desse processo. Filipe foi pressionado a delatar mentiras ou dizer algo que pudesse me implicar. Agora que se comprova a verdade, o que será feito?”, questionou.
Contexto do caso
Filipe Martins foi preso no contexto das investigações que apuram uma suposta tentativa de golpe de Estado envolvendo membros do alto escalão do governo anterior. As acusações giram em torno de reuniões, minutas e articulações com comandos militares para impedir a transição democrática de poder.
Com o novo depoimento de Mauro Cid, a defesa espera a revisão imediata da prisão de Martins. O STF ainda não se pronunciou sobre possíveis desdobramentos da fala do ex-ajudante de ordens.