EUA oferecem US$1.000 para que imigrantes deixem o país voluntariamente
O governo Trump anunciou nesta segunda-feira (5) um novo programa de incentivo financeiro para imigrantes em situação irregular nos Estados Unidos que aceitarem deixar o país voluntariamente. Segundo o Departamento de Segurança Interna (DHS), os participantes receberão uma ajuda de custo de US$ 1.000, além de assistência com passagens aéreas de retorno a seus países de origem.
A iniciativa, de acordo com o DHS, é parte de uma estratégia para reduzir os altos custos das deportações forçadas, que atualmente giram em torno de US$ 17.000 por pessoa — incluindo despesas com detenção, processos judiciais e escolta policial. Com a autodeportação, o governo espera economizar recursos e acelerar a remoção de imigrantes em situação irregular.
“Mais segura e econômica”
A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, defendeu a proposta afirmando que a autodeportação é “a melhor, mais segura e mais econômica maneira de deixar os EUA para evitar a prisão”.
Para viabilizar o processo, o governo relançou o aplicativo CBP Home — anteriormente conhecido como CBP One — que havia sido usado na gestão Biden para organizar entradas legais no país. Agora, sob o novo nome, o app será adaptado para agendar retornos voluntários e fornecer orientações sobre os benefícios do novo programa.
Números abaixo da gestão Biden
Desde que reassumiu a presidência em janeiro, Donald Trump deportou 152 mil pessoas, número inferior às 195 mil deportações realizadas entre fevereiro e abril do ano passado durante o governo Biden. Apesar de uma retórica dura, Trump ainda não alcançou os níveis de remoção do antecessor.
Para pressionar os imigrantes a aceitarem a autodeportação, o governo tem ameaçado com multas severas, perda de status legal e até deportações para centros de detenção em locais controversos como Guantánamo e El Salvador — medidas criticadas por organizações de direitos humanos.
“Portas abertas” para retorno seletivo
Durante evento em abril, Trump sugeriu que os migrantes que deixarem o país “de forma civilizada” poderão, futuramente, ter chance de retornar legalmente. “Se eles forem bons, se os quisermos de volta, trabalharemos com eles para que voltem o mais rápido possível”, declarou.
No entanto, o comunicado do DHS nesta segunda-feira não especifica quais condições ou vias legais estariam disponíveis para um possível retorno, tampouco quais critérios seriam usados para determinar quem seria “aceitável”.
Críticas e impactos
A proposta dividiu opiniões. Enquanto aliados de Trump veem o programa como uma medida pragmática e fiscalmente responsável, defensores dos direitos dos imigrantes alertam para riscos de coerção, falta de garantias de retorno legal e o impacto emocional de uma expulsão disfarçada de voluntarismo.
Com eleições presidenciais se aproximando, a questão migratória volta ao centro do debate político nos EUA, especialmente entre os eleitores conservadores, onde Trump tem buscado reforçar sua base com medidas duras contra a imigração ilegal.