Colegas de Alckmin assinam pedido de abertura de CPMI para investigar fraudes no INSS
A oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) protocolou um requerimento com 182 assinaturas de deputados federais e 29 de senadores para a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) destinada a investigar o escândalo de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo apuração da Polícia Federal, o esquema causou um prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos.
A crise já teve seu primeiro efeito político de peso: Carlos Lupi, então ministro da Previdência Social, foi demitido pelo presidente Lula em meio à repercussão do escândalo. O caso promete se tornar mais um foco de desgaste para o governo federal, especialmente no contexto de outras crises institucionais e pressões do Legislativo.
Apoio parcial da base governista
Embora o requerimento tenha sido articulado pela oposição, membros de partidos da base do governo também aderiram à proposta, evidenciando o potencial explosivo da investigação. Assinaram o pedido o deputado Heitor Schuch (RS) e o senador Flávio Arns (PR), ambos do PSB, legenda de centro-esquerda que abriga o vice-presidente Geraldo Alckmin.
O deputado Schuch chegou a publicar um vídeo em suas redes sociais pedindo “respostas urgentes” sobre as fraudes no INSS, mas não mencionou abertamente sua assinatura no requerimento da CPMI. Flávio Arns, por sua vez, ainda não se manifestou publicamente sobre o tema.
Alcance da investigação
A CPMI, caso instalada, pretende apurar o envolvimento de servidores, empresas de intermediação e grupos criminosos que teriam atuado para fraudar benefícios, aposentadorias e pensões por meio de documentos falsos e manipulação de sistemas internos.
A oposição também espera utilizar a comissão como instrumento de pressão política, tanto para expor a fragilidade administrativa do governo quanto para ampliar o debate sobre a gestão dos recursos da Previdência Social, uma área historicamente sensível.
Próximos passos
Com o número mínimo de assinaturas já atingido, o requerimento precisa agora ser lido em plenário pelo presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Só então a comissão poderá ser oficialmente instalada, com a escolha de presidente, relator e membros da Câmara e do Senado.
Se a CPMI for adiante, o governo Lula pode enfrentar semanas ou até meses de desgaste político, com repercussões diretas nas negociações com o Congresso e na opinião pública.