Erika Hilton tenta a sorte na ONU contra Trump

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) protocolou uma denúncia no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos contra o governo dos Estados Unidos, após receber um visto diplomático com a identificação de gênero masculino. A parlamentar, uma das primeiras mulheres trans eleitas para a Câmara dos Deputados, afirma que o erro representa mais do que uma falha burocrática: trata-se, segundo ela, de um ato de violência institucional e de desrespeito à sua identidade de gênero.

A queixa conta com o apoio de 168 parlamentares brasileiros de diferentes partidos e acusa diretamente a gestão do ex-presidente Donald Trump de implementar políticas transfóbicas que continuam a impactar pessoas trans em diversos níveis — inclusive em instâncias diplomáticas.

“Essa é uma atitude que vai muito além de um simples erro burocrático. Trata-se de uma postura política que nega a existência e os direitos de pessoas trans em espaços oficiais”, declarou Hilton em nota.

Erika também aciona a CIDH

Além da ONU, Erika Hilton acionou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA), pedindo a retificação imediata do visto e o reconhecimento oficial de seu gênero como feminino, conforme sua identidade.

Na petição, a deputada destaca que o erro viola tratados internacionais dos quais os EUA são signatários, e fere princípios básicos de dignidade, liberdade e reconhecimento social.

Histórico de retrocessos na era Trump

A denúncia resgata decisões polêmicas da administração Trump. Em 2017, o ex-presidente assinou uma ordem executiva que restringia o reconhecimento de gênero às categorias “masculino” e “feminino” com base no sexo biológico atribuído ao nascimento. A política impactou o acesso de pessoas trans a serviços públicos, documentos e garantias jurídicas, e foi alvo de críticas severas de entidades de direitos humanos.

Resposta da Embaixada dos EUA

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil se manifestou brevemente, afirmando que “os registros de visto são confidenciais conforme a lei americana e, por política, não comenta casos individuais”. A resposta foi considerada insatisfatória por organizações da sociedade civil e parlamentares brasileiros.

Marco internacional para direitos trans

A ação de Erika Hilton é considerada um passo importante na luta por reconhecimento de identidades trans em esferas internacionais. Especialistas e ativistas veem a denúncia como um precedente que pode abrir caminho para que outros casos semelhantes sejam levados a fóruns globais de direitos humanos.

A expectativa é que a ONU e a CIDH analisem o caso e emitam recomendações formais ao governo dos EUA, pressionando por mudanças na política de emissão de documentos diplomáticos a pessoas trans. Enquanto aguarda uma resposta, Erika continua mobilizando apoios e usando sua visibilidade para fortalecer o debate sobre dignidade, inclusão e respeito às identidades de gênero.

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Bruno Rigacci

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