Conselho de Ética decide pela cassação de Glauber Braga
Nesta quarta-feira (9 de abril), o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, por 13 votos a 5, o relatório que recomenda a cassação do mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) por quebra de decoro parlamentar. O episódio que gerou o pedido de cassação envolve uma suposta agressão física — Braga é acusado de ter chutado Gabriel Costenaro, ativista ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL), durante um embate ocorrido dentro das dependências da Câmara em abril de 2023.
A deliberação do conselho representa mais um capítulo da escalada de tensões políticas que tomam conta do Legislativo em 2025, onde acusações de conduta imprópria, agressão e uso indevido do espaço parlamentar vêm ganhando espaço nas manchetes. O caso agora segue para novas fases, podendo ser avaliado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e, em seguida, pelo plenário da Câmara dos Deputados.
Greve de fome como forma de protesto político
Durante a sessão do Conselho, Glauber Braga se manifestou com veemência contra o processo disciplinar, classificando-o como perseguição política. Em um ato simbólico, anunciou que iniciaria uma greve de fome em protesto contra a recomendação de perda de mandato.
“Vou permanecer nessa sala, no Congresso, até a finalização desse processo. Estou o dia inteiro de jejum e, a partir de agora, não vou me alimentar. Vou aguardar a decisão irrevogável. Vou permanecer aqui nesse plenário. Quem quiser chamar de greve de fome, chame como queira”, declarou o deputado do PSOL.
Braga é conhecido por sua atuação combativa e por integrar a ala mais ideológica da oposição ao governo Bolsonaro entre 2019 e 2022, e hoje mantém posição crítica em diversas pautas da atual legislatura, incluindo os rumos das reformas estruturais, política econômica e privatizações.
Próximos passos no processo de cassação
Com a aprovação do relatório pelo Conselho de Ética, o parlamentar ainda pode apresentar recurso à CCJ, que avaliará a legalidade do processo disciplinar. Caso a Comissão negue o recurso, o pedido de cassação segue ao plenário da Câmara, onde será necessário o voto favorável de pelo menos 257 dos 513 deputados federais para que o mandato de Braga seja efetivamente revogado.
A base do PSOL, partido ao qual Braga é filiado desde 2005, prometeu solidariedade e resistência política, mas a legenda também enfrenta pressões internas e externas para lidar com o episódio de maneira equilibrada, levando em conta os valores éticos e a imagem pública da legenda.
Repercussão e tensão nas redes sociais
A decisão do Conselho de Ética repercutiu de forma intensa nas redes sociais, onde hashtags como #ForaGlauber, #GlauberResiste e #CassaçãoJá entraram nos trending topics. Grupos de direita e movimentos ligados ao MBL comemoraram o parecer, enquanto figuras da esquerda denunciaram “cerceamento de mandato popular”.
A polarização, mais uma vez, evidencia o impacto que episódios como esse causam no ambiente político nacional, já desgastado por disputas ideológicas, escândalos de corrupção e crises institucionais.
O caso: o que aconteceu?
Segundo a denúncia apresentada ao Conselho de Ética, Glauber Braga teria chutado Gabriel Costenaro após um embate verbal dentro de um dos corredores da Câmara dos Deputados, em abril de 2023. O vídeo do momento circulou nas redes sociais e foi usado como prova material no processo disciplinar.
Braga, por sua vez, nega a agressão deliberada, afirmando que reagiu a um suposto assédio verbal e tentativa de intimidação por parte do militante do MBL. O parlamentar disse ter sido provocado com palavras ofensivas e se sentiu ameaçado fisicamente.
“Houve um momento de tensão, mas jamais houve intenção de agredir. Estão tentando transformar isso em palanque para perseguição política”, afirmou em defesa apresentada ao Conselho.
Conclusão
O caso de Glauber Braga escancara os desafios da convivência democrática dentro das instituições legislativas. Quando episódios de confronto físico tomam o lugar do debate político, o risco é a banalização dos processos democráticos e a radicalização dos discursos.
Com a iminente análise da CCJ e, possivelmente, do plenário, o Brasil pode testemunhar mais um caso de cassação parlamentar por conduta imprópria, o que levanta discussões sobre liberdade de expressão, limites da atuação política e ética no mandato eletivo.