Bolsonaro diz que esquerda tem “obsessão para calar a voz” dele
O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar a esquerda em seu discurso no 1º Seminário Nacional de Comunicação do Partido Liberal (PL), realizado em Brasília nesta sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025. Durante sua fala, Bolsonaro acusou os setores progressistas de terem uma “obsessão” em silenciar sua voz e a de seus apoiadores, apontando que foi vítima de uma série de processos de cassação enquanto estava na Presidência.
“Sou recordista de processos de cassação. Recebi mais de 20 processos de cassação pela esquerda. Por ocupar a maioria da Câmara e, segundo a esquerda, falar o que não devia. Então, essa obsessão de calar a voz de quem não comunga com a ideia deles continua”, afirmou o ex-presidente. Essa retórica se alinha à sua postura constante de resistência às instituições e à narrativa de vitimização, especialmente em um momento de intensa polarização política no país.
Desabafo sobre o Mandato Presidencial
Bolsonaro também fez um desabafo sobre os desafios enfrentados durante sua presidência, dizendo que o cargo foi mais um “castigo” do que uma oportunidade. Ele descreveu o período na Presidência como marcado por incompreensão e perseguição, reforçando o discurso de que a esquerda o atacava incessantemente. “Dentro daquela sala vazia lá da Presidência, eu já chamei e falei assim: ‘Meu Deus, qual foi o meu pecado por eu estar aqui?’. É muita incompreensão, perseguição”, desabafou, reconhecendo que a pressão em sua vida pública foi intensa, embora tentasse manter a compostura.
O Filho Carlos Bolsonaro e a Perda da Democracia
Antes do discurso de Bolsonaro, seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), também se manifestou. Emocionado, Carlos fez uma forte declaração sobre o atual momento político do Brasil, afirmando que o país já não vive mais em uma democracia. Ele também expressou que, apesar disso, a direita não deve se calar, afirmando que “vivemos um momento delicado no país” e, mesmo com dificuldades, “jamais devemos nos calar”. A interrupção do discurso por conta das lágrimas reforçou o tom emotivo da fala.
Repercussão da Denúncia da PGR
As declarações de Bolsonaro acontecem no contexto da recente denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que acusa o ex-presidente e outros 33 indivíduos de tentar dar um golpe de Estado após as eleições de 2022. A denúncia é um reflexo das investigações sobre a tentativa de subversão democrática, o que tem colocado Bolsonaro em um confronto direto com o sistema judicial e com os setores progressistas.
Nas últimas semanas, Bolsonaro adotou uma postura desafiadora diante das acusações. Em uma de suas falas, ele minimizou as ameaças de prisão com a frase: “Caguei para a prisão”. A afirmação reflete seu tom combativo e sua estratégia de se apresentar como vítima de uma perseguição política. Além disso, seu partido, o PL, tem se mobilizado fortemente para defender o ex-presidente, organizando eventos e fortalecendo sua base de apoio.
Reforço da Unidade Conservadora
O 1º Seminário Nacional de Comunicação do PL teve um papel central na articulação da direita e na construção de uma narrativa unificada. O evento reuniu líderes políticos, influenciadores digitais e jornalistas independentes alinhados com a defesa de Bolsonaro, com o objetivo de fortalecer a comunicação do partido e se preparar para os desafios eleitorais e políticos futuros.
A principal mensagem que emergiu do seminário foi a de que a direita precisa se unir para combater o que consideram ser uma tentativa de silenciamento político por parte da esquerda e do Judiciário. Essa narrativa de perseguição, que tem sido adotada por Bolsonaro e seus aliados, tem como objetivo galvanizar sua base de apoio, especialmente em um momento em que as investigações e decisões judiciais contra o ex-presidente e seus aliados se intensificam.
O Futuro de Bolsonaro e Seus Aliados
O clima político no Brasil permanece tenso, com o futuro de Bolsonaro e seus aliados pendente das investigações em andamento. A recente denúncia da PGR e os desdobramentos jurídicos próximos, incluindo possíveis condenações e prisões, serão determinantes para o futuro político do ex-presidente e da direita no país. Enquanto isso, Bolsonaro segue se posicionando como a principal liderança da oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, buscando manter sua relevância política e consolidar sua base de apoio para os próximos desafios eleitorais, principalmente as eleições municipais de 2026.