Jair Bolsonaro se pronuncia: “O mundo está atento ao Brasil”
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou nesta quarta-feira (19) em seu perfil no X (antigo Twitter) sobre a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o acusa de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. Em um longo texto, Bolsonaro comparou o processo ao qual está sendo implicado com práticas observadas em regimes autoritários, como os da Venezuela, Cuba e Bolívia.
No pronunciamento, Bolsonaro afirmou que o processo contra ele faz parte de uma estratégia comum de regimes autoritários, que, segundo ele, “fabricam inimigos internos para justificar perseguições, censuras e prisões arbitrárias”. Ele criticou a forma como, em tais contextos, acusações vagas são utilizadas para atacar opositores e silenciar vozes dissidentes, concentrando poder e enfraquecendo a democracia.
“Fabricam acusações vagas, se dizem preocupados com a democracia ou com a soberania, e perseguem opositores, silenciam vozes dissidentes e concentram poder,” escreveu o ex-presidente em sua publicação.
Crimes imputados e a gravidade da acusação
A denúncia da PGR inclui cinco crimes graves: organização criminosa, abolição violenta do estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado com uso de violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado. As penas, somadas, podem ultrapassar 43 anos de prisão, caso Bolsonaro seja condenado.
Esta é a primeira vez que Bolsonaro se manifesta publicamente desde a formalização da denúncia. Até então, ele havia se limitado a repostar publicações de aliados e compartilhado memes ironizando as acusações, buscando desqualificar o processo jurídico que enfrenta.
Defesa de Bolsonaro classifica denúncia como “inepta”
Em paralelo à sua publicação no X, a defesa de Jair Bolsonaro também se pronunciou, rejeitando as acusações. Os advogados do ex-presidente chamaram a denúncia de “inepta”, “precária” e “incoerente”. Eles argumentaram que a acusação é baseada em um suposto acordo de colaboração que consideram “fantasioso”, firmado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, e que a denúncia carece de evidências concretas para sustentar suas alegações.
A defesa ainda destacou que, apesar dos quase dois anos de investigações, “nenhum elemento” que ligasse Bolsonaro à narrativa construída pela PGR foi encontrado. Segundo os advogados, a falta de provas é um indicativo de que as acusações são infundadas.
O contexto político e jurídico
O posicionamento de Bolsonaro reflete a polarização política que marca sua trajetória pós-presidência. A denúncia da PGR, que se baseia em investigações que envolvem diversos aliados de Bolsonaro e membros do governo, vem no momento em que o ex-presidente continua a ser uma figura central nas disputas políticas, especialmente com o atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
A narrativa de que Bolsonaro é alvo de uma perseguição política, como expressa sua publicação, já é uma linha defendida por muitos de seus seguidores e aliados, que veem as acusações como parte de uma tentativa de enfraquecer a oposição e silenciar críticas ao governo.
Próximos passos no processo
O STF agora irá analisar a denúncia da PGR, e os ministros devem decidir se há elementos suficientes para abrir uma ação penal contra o ex-presidente. O caso pode ter repercussões políticas significativas, tanto no Brasil quanto no cenário internacional, dada a figura polarizadora de Bolsonaro e o contexto de sua administração, marcada por acusações de autoritarismo, ataques à democracia e questionamentos sobre a legitimidade das eleições de 2022.
O desfecho deste processo será crucial não apenas para o futuro político de Bolsonaro, mas também para a relação entre o ex-presidente e o STF, que segue sendo um dos principais campos de batalha de sua resistência política.
