Marinho: “Bolsonaro será julgado como numa câmara de gás”
O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, fez duras críticas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), comparando-o a uma “câmara de gás”. A declaração foi dada ao jornal O Globo, nesta quarta-feira (19), e gerou grande repercussão. Marinho acusou o STF de não garantir ao ex-presidente a prerrogativa de um julgamento justo e com múltiplas instâncias recursais, além de questionar a imparcialidade do juiz responsável pela análise do caso.
Em sua fala, o parlamentar afirmou que Bolsonaro não deveria ser julgado pelo STF, pois, segundo ele, o tribunal não oferece ao ex-presidente as garantias mínimas de defesa. “Ele vai ser julgado como em uma câmara de gás. Não vai ser julgado sequer pelo Pleno”, disse Marinho, referindo-se à falta de possibilidade de recurso nas instâncias superiores. Para o líder da oposição, a acusação de que Bolsonaro é alvo de uma perseguição política é clara, especialmente com o envolvimento do ministro Alexandre de Moraes, que, de acordo com Marinho, é “um juiz que declaradamente é seu inimigo”.
“Está sendo julgado por um juiz que declaradamente é seu adversário, e que seria alvo dessa trama. Então nós achamos que é evidente que esse jogo já está jogado”, completou o senador, sugerindo que o resultado do julgamento já seria decidido antecipadamente devido à parcialidade do STF.
A denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR)
A fala de Marinho ocorre em meio ao andamento de uma denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) ao STF, acusando Bolsonaro e outras 33 pessoas de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Segundo a denúncia, Bolsonaro seria o líder de uma suposta organização criminosa com um projeto autoritário de poder, que teria a colaboração de setores militares. A denúncia foi encaminhada ao Supremo na terça-feira (18), e, agora, cabe à Primeira Turma do STF, presidida por Moraes, decidir se há indícios suficientes para abrir uma ação penal contra o ex-presidente.
A denúncia, que tem 270 páginas, descreve um suposto plano para reverter o resultado das eleições de 2022, envolvendo a manipulação de informações e articulações para questionar a legitimidade da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. Bolsonaro, por sua vez, já se manifestou publicamente em diversas ocasiões, negando as acusações e considerando o processo uma perseguição política.
Imparcialidade do STF e a repercussão política
O julgamento de Bolsonaro no STF, especialmente sob a relatoria de Alexandre de Moraes, tem gerado um intenso debate no cenário político brasileiro. O ex-presidente e seus aliados têm afirmado que o STF está se comportando de maneira parcial e que o tribunal estaria agindo como um “tribunal de exceção”. A oposição, representada por Marinho e outros membros do PL, segue defendendo a tese de que as acusações contra Bolsonaro são infundadas e que o julgamento não é conduzido de maneira justa.
O ministro Moraes, por sua vez, tem sido alvo de críticas por parte de apoiadores de Bolsonaro, que alegam que ele tem um histórico de decisões que favorecem o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente em questões relacionadas a investigações e ações contra figuras da oposição. No entanto, o STF, em sua maioria, tem reafirmado a sua independência e o compromisso com a Justiça, em um momento em que o país vive um contexto político e jurídico altamente polarizado.
Próximos passos
Agora, a Primeira Turma do STF irá avaliar a denúncia apresentada pela PGR e decidir se dará seguimento à investigação. Caso o STF aceite a denúncia, o ex-presidente Bolsonaro poderá ser formalmente acusado e julgado por crimes relacionados à tentativa de golpe. A decisão da corte, no entanto, pode ser influenciada por um cenário político tenso, com fortes implicações para a estabilidade do governo de Lula e para a oposição em busca de apoio popular.
Enquanto isso, a figura de Jair Bolsonaro segue sendo central no debate político nacional, com suas ações e declarações provocando reações tanto no campo governista quanto oposicionista. O desfecho desse processo no STF terá um impacto significativo sobre a dinâmica política no Brasil nos próximos meses.