Quaquá denuncia Anielle ao PT por “funcionário fantasma”
O clima dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) está longe de ser tranquilo. O prefeito de Maricá e vice-presidente do PT, Washington Quaquá, anunciou que vai denunciar a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ao conselho de ética do partido por envolvimento em um caso de um “funcionário fantasma” em sua antiga gestão na prefeitura.
Em entrevista ao Metrópoles, Quaquá afirmou que recebeu informações sobre a contratação de um funcionário “fantasma” a pedido da ministra, embora tenha deixado claro que isso ainda precisa ser investigado. “Me mandaram um recado que havia sido contratado um funcionário fantasma a pedido dela. Sendo ou não dela, eu mandei abrir inquérito”, revelou o prefeito. Mais tarde, ao aprofundar as investigações, Quaquá descobriu que, além de tudo, o tal funcionário atuava como “consultor” de Anielle Franco enquanto ainda estava em Maricá.
Ele não poupou críticas, dizendo que a política, tanto à esquerda quanto à direita, tem “santos de bordel” que acabam afastando o povo da política. “Infelizmente, na esquerda e na direita, temos esses santos de bordel. É por isso que o povo anda tão descrente em política”, afirmou Quaquá.
Atritos e Desentendimentos Internos no PT
Este não é o primeiro atrito entre Quaquá e figuras do PT. O prefeito, que foi um dos poucos petistas a defender o ex-ministro Silvio Almeida durante o escândalo de importunação sexual que resultou na sua saída do Ministério de Direitos Humanos, também se lembrou de outra denúncia que Anielle fez contra ele à comissão de ética do partido. Quaquá afirmou que a ministra pediu uma apuração contra ele por ter defendido o deputado Chiquinho Brazão, acusado de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco, irmã de Anielle. “Ela pediu comissão de ética pra mim por ter defendido que o Brazão é inocente e não teve o devido processo legal no caso Marielle”, disse Quaquá.
A Defesa de Anielle Franco
Em resposta, a ministra Anielle Franco emitiu uma nota oficial se defendendo das acusações. Ela negou qualquer irregularidade nas contratações de consultores para o seu ministério e afirmou que a denúncia de Quaquá é parte de uma “perseguição política”. Na nota, a ministra esclareceu que os consultores do Projeto Gente Negra “Reconstrução e Desenvolvimento” foram contratados e remunerados diretamente pelo Banco CAF, como parte de uma parceria de cooperação internacional. Anielle também ressaltou que o processo de seleção dos consultores seguiu os padrões internacionais estabelecidos pelo banco e que os recursos para essa consultoria vêm de cooperação internacional, de acordo com os parâmetros legais do Governo Federal.
Ela ainda criticou a tentativa de desinformação, afirmando que “perseguição política e violência política não serão toleradas” e que qualquer tentativa de espalhar fake news seria combatida com medidas legais cabíveis.
O Clima Dentro do PT
O episódio revela um clima tenso no PT, com atritos internos sendo expostos publicamente. A questão envolvendo Quaquá e Anielle não é um caso isolado. Nos últimos tempos, o partido tem enfrentado uma série de disputas internas, com acusações mútuas entre membros e até mesmo denúncias sobre práticas questionáveis, tanto no governo quanto nas gestões locais.
Essa situação reflete a crescente divisão no partido, especialmente em relação à forma como as políticas de esquerda estão sendo conduzidas no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto figuras como Quaquá se mostram mais críticos, há outros no partido que defendem a unidade e o fortalecimento da imagem pública do governo.
Com as eleições municipais de 2024 se aproximando e o futuro político de várias figuras petistas em jogo, os desentendimentos podem escalar ainda mais, colocando à prova a estabilidade interna do PT. O que se sabe é que, para o bem ou para o mal, o clima dentro do partido está longe de ser pacífico.
