“Não vamos aceitar desaforo”, diz Lula sobre relação com os EUA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou, nesta segunda-feira (17/2), sua oposição às medidas tarifárias adotadas pelos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump, afirmando que o Brasil não aceitará “desaforo” em relação às “ameaças” do governo americano. O pronunciamento foi feito durante uma agenda da Petrobras no Rio de Janeiro.
Em seu discurso, Lula questionou as taxações impostas pelo presidente dos EUA, especialmente em relação às importações de aço e alumínio, que afetam diretamente o Brasil, um dos maiores fornecedores desses produtos para o mercado americano. O presidente brasileiro reafirmou a posição do país de ser um “país de paz” e defendeu o direito do Brasil de tomar decisões soberanas sem interferências externas.
“O Brasil é um país de paz, a gente não tem divergência com nenhum país. A gente é um país que gosta de todo mundo, e a gente quer que todo mundo goste da gente. Eu, em vez de um murro, gosto de dar um abraço; em vez de uma mordida, gosto de dar um beijo”, afirmou Lula, reforçando o desejo do Brasil de manter boas relações internacionais, mas sem aceitar imposições.
“Brasil é do povo brasileiro”
Lula também fez questão de deixar claro que o Brasil é soberano e que as decisões internas do país devem ser respeitadas por outras nações, incluindo os Estados Unidos. “É verdade que os EUA são dos americanos; que a China é dos chineses; que a Rússia é dos russos; que a Índia é dos indianos; mas é verdade que o Brasil é do povo brasileiro, e eles têm de respeitar as coisas que nós fazemos aqui dentro”, declarou o presidente.
Essa postura é uma resposta direta às políticas protecionistas de Trump, que incluem, entre outras ações, a imposição de uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio, medidas que têm impacto direto no comércio bilateral entre Brasil e EUA. Lula destacou que o Brasil continuará buscando o diálogo, mas sem abrir mão de sua autonomia e dos interesses de seu povo.
O Contexto das Tarifas de Trump
As políticas econômicas de Donald Trump têm sido amplamente criticadas por seu caráter protecionista, que inclui medidas como o endurecimento das tarifas sobre diversos produtos importados, com o objetivo de proteger a indústria americana. No caso do Brasil, a tarifa sobre o aço e o alumínio, estabelecida em 2018, gerou fricções com o país, que é um dos principais exportadores desses materiais para os Estados Unidos.
Embora as tensões comerciais entre os dois países não sejam novas, o governo de Lula se posiciona de forma mais firme, destacando a necessidade de respeitar a soberania e os direitos econômicos do Brasil, sem subordinação a pressões externas.
A Reação Brasileira
A reação de Lula reflete a tentativa de fortalecer a posição do Brasil no cenário internacional, defendendo uma política externa que priorize o respeito às decisões internas do país. Ao mesmo tempo, o presidente ressaltou o desejo de estabelecer relações diplomáticas e comerciais positivas, mas sem ceder a imposições unilaterais, principalmente no campo econômico.
O episódio coloca em evidência as diferenças ideológicas e estratégicas entre o Brasil e os EUA, especialmente no tocante à política comercial e à imposição de tarifas, e marca um contraste com a postura mais conciliatória adotada no primeiro governo de Lula.