Elon Musk afirma que ‘deep state’ dos EUA financiou eleição de Lula
O empresário Elon Musk, proprietário da rede social X (antigo Twitter), gerou polêmica ao afirmar que o governo de Joe Biden teria bancado a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022, com a ajuda da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid). A declaração foi feita em resposta a um post do senador republicano Mike Lee, de Utah, que havia comentado uma matéria que sugeria que Biden financiou uma fraude eleitoral no Brasil para derrotar Jair Bolsonaro.
Lee, conhecido por sua posição conservadora, questionou se a possível interferência do governo dos EUA nas eleições brasileiras incomodaria seus seguidores. “Se o governo dos EUA tivesse financiado a derrota de Bolsonaro por Lula, isso te incomodaria? Eu ficaria lívido. Quem está comigo nessa?”, escreveu Lee.
Em resposta, Musk usou a expressão “deep state” (Estado profundo) para sugerir que um governo paralelo e oculto dos EUA teria agido para influenciar as eleições no Brasil. A expressão, comum nos Estados Unidos, é frequentemente usada para descrever uma rede de burocratas e agências governamentais que supostamente operam de maneira independente da administração eleita. Musk e outros aliados de Donald Trump têm atacado o governo de Joe Biden por sua atuação em assuntos internacionais, incluindo a atuação da Usaid no Brasil.
Financiamento da Usaid e polêmica com o TSE
De acordo com dados oficiais, a Usaid repassou ao Brasil pelo menos 44,76 milhões de dólares (aproximadamente R$ 267 milhões) entre 2023 e 2024 para ONGs, instituições e projetos. Esse financiamento gerou controvérsia, especialmente após a revelação de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia realizado eventos em parceria com a Usaid, incluindo o lançamento de um “Guia de Combate à Desinformação” em 2021.
O TSE também participou de outro evento em parceria com a Usaid, focado em “ameaças digitais” e a integridade das eleições. O então presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, chegou a criticar as redes sociais por sua suposta inação frente à disseminação de fake news, destacando a necessidade de ação das plataformas para proteger o processo eleitoral.
Declaração de Michael Benz sobre a Usaid
O ex-chefe da divisão de informática do Departamento de Estado dos EUA, Michael Benz, fez uma declaração que gerou grande repercussão no Brasil ao afirmar que, sem a atuação da Usaid, Jair Bolsonaro ainda seria presidente do Brasil. Benz afirmou que a agência financiou esforços para pressionar o Parlamento brasileiro a aprovar projetos de lei contra a desinformação e apoiou advogados que ajudaram a reprimir críticas a Bolsonaro, especialmente no TSE.
Segundo Benz, a Usaid teria criado uma “rede de censura” no Brasil, com o objetivo de controlar o ecossistema de informações no país, alegando que a agência via Bolsonaro como um “Trump dos trópicos”. Suas declarações aumentaram a tensão política, com muitos críticos acusando a Usaid de interferir nos assuntos internos do Brasil.
Reações e pedidos de investigação
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se manifestou em apoio às alegações de Benz, considerando fundamental que o Congresso Nacional e outras instituições investiguem o financiamento e a atuação dessas organizações no Brasil. “Transparência e soberania não podem ser negociadas. Além disso, é necessário que o Itamaraty e os órgãos de inteligência avaliem os riscos dessa interferência para a segurança institucional e política do Brasil”, afirmou.
As acusações e investigações sobre o financiamento da Usaid estão gerando um intenso debate sobre a influência de governos estrangeiros nas eleições de outros países e sobre os limites da intervenção externa em questões internas, especialmente em relação à democracia e à liberdade de expressão.
Essa questão continua a alimentar a polarização política no Brasil, com aliados de Bolsonaro acusando o governo de Joe Biden de tentar manipular o resultado das eleições de 2022, enquanto apoiadores de Lula e de Biden defendem que a colaboração internacional tem o objetivo de fortalecer a democracia e a estabilidade política no Brasil.