Brasil tem pior índice da história em ranking sobre corrupção

O Brasil caiu três posições no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2024, elaborado pela Transparência Internacional, atingindo sua pior colocação desde o início da série histórica em 2012. O país registrou apenas 34 pontos, ocupando a 107ª posição entre os 180 países avaliados. Esse resultado marca uma queda em relação ao ano anterior, quando o Brasil obteve 36 pontos e ficou na 104ª colocação.

Em comparação com a média mundial de 43 pontos e com as Américas, que marcaram 42 pontos, o Brasil segue abaixo desses índices, refletindo uma crescente percepção de corrupção no país. Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o Brasil conseguiu melhorar seu desempenho no IPC, alcançando a 94ª posição entre 2020 e 2022, após estar na 105ª posição em 2018, no final do governo Michel Temer.

Fatores que Contribuíram para a Queda

O levantamento da Transparência Internacional se baseia em 13 pesquisas realizadas por 12 organizações internacionais que avaliam a percepção de corrupção a partir de especialistas e membros do mercado. No caso do Brasil, alguns fatores específicos contribuíram para o agravamento da percepção de corrupção, tais como:

• O silêncio reiterado do presidente Lula sobre a agenda anticorrupção.
• A falta de transparência e de mecanismos adequados de controle social no Novo PAC.
• A percepção de crescente ingerência política na Petrobras.
• Recusa do governo em fornecer informações sob a justificativa de proteger dados pessoais, incluindo informações relacionadas à alta cúpula do governo.
• Persistência de casos de corrupção no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), envolvendo o Centrão e desvios de emendas parlamentares.
• Arquivamento de casos de macrocorrupção pelo STF, como o relacionado ao acordo de leniência do Grupo Odebrecht.

A Transparência Internacional também alertou que a piora do Brasil no ranking reflete a crescente captura do Estado pelo crime organizado. A organização ressaltou que o país falhou novamente em reverter a trajetória de desmonte da luta contra a corrupção e que a presença explícita de organizações criminosas nas instituições estatais é uma das principais evidências desse avanço.

Reflexos para as Autoridades Brasileiras

A Transparência Internacional destacou que o resultado negativo do Brasil serve como um alerta para as autoridades do país, indicando que o processo de captura do Estado pela corrupção entrou em um estágio avançado. A organização enfatizou que o Brasil precisa urgentemente adotar medidas para combater a corrupção e restaurar a confiança nas suas instituições públicas.

Posições no Ranking Global

Entre os países da América Latina, o Uruguai teve o melhor desempenho, com 76 pontos e ocupando a 13ª posição no ranking mundial. A nível global, a Dinamarca liderou a lista com 90 pontos, seguida pela Finlândia (88 pontos) e Singapura (84 pontos). Por outro lado, os países com as piores colocações foram a Venezuela (10 pontos), a Somália (9 pontos) e o Sudão do Sul (8 pontos).

O IPC de 2024 aponta que, embora o Brasil tenha alcançado avanços em algumas áreas durante o governo Bolsonaro, a atual gestão enfrenta um desafio significativo na melhoria da percepção de corrupção e na construção de um ambiente mais transparente e responsável.