Lula diz que Bolsonaro vai ‘perder outra vez’ se concorrer contra ele em 2026

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma declaração contundente nesta quarta-feira (5), durante uma entrevista a radialistas, sobre as tentativas de Jair Bolsonaro de flexibilizar a Lei da Ficha Limpa, que garantiria ao ex-presidente o direito de concorrer novamente ao Palácio do Planalto nas eleições de 2026. Atualmente, Bolsonaro está inelegível devido à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o considerou culpado por abuso de poder político nas eleições de 2022.

Lula ironizou a tentativa dos bolsonaristas de avançar com o Projeto de Lei da Anistia, que busca conceder perdão a figuras políticas envolvidas em crimes. “Querem anistia antes de terminar o processo. Quando as pessoas nem foram condenadas e estão pedindo anistia é porque elas estão se condenando. Eles acham que fizeram exatamente aquilo que a Justiça está dizendo que ele [Bolsonaro] fez”, afirmou o petista.

O presidente também reafirmou sua confiança em uma nova vitória caso o ex-presidente tenha sua inelegibilidade revogada. “Se a Justiça entender que ele pode concorrer às eleições, ele pode concorrer. E se for comigo, vai perder outra vez. Não há possibilidade de a mentira ganhar uma eleição neste país”, declarou, ressaltando que, se Bolsonaro fosse liberado para concorrer, ele seria derrotado novamente como ocorreu em 2022.

Lula foi enfático ao criticar as ações do governo Bolsonaro, lembrando dos episódios envolvendo tentativas de golpes e articulações contra instituições democráticas. “Eu acho que quem tentou dar um golpe, quem articulou inclusive a morte do presidente e do vice-presidente, do presidente do Tribunal Eleitoral, não merece absolvição”, afirmou. Ele ainda destacou: “Eu digo todo dia: por menos do que eles fizeram, muita gente no Partido Comunista foi morta, muita gente foi presa”.

Mudanças na Lei da Ficha Limpa

O Projeto de Lei (PL) que busca flexibilizar a Lei da Ficha Limpa está sendo discutido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Apresentado pelo deputado Bibo Nunes (PL-RS), a proposta visa reduzir o período de inelegibilidade de oito para dois anos após uma condenação, além de estabelecer que a contagem do prazo de inelegibilidade comece a partir da eleição em que o crime foi cometido.

A proposta, que tem gerado controvérsias, segue sendo analisada pelo relator, deputado Filipe Barros (PL-PR), aliado de Bolsonaro. A estratégia de colocar o projeto nas mãos de Barros, ex-líder da oposição, foi discutida com Bolsonaro antes da eleição do novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com a intenção de aproveitar a composição favorável à oposição na CCJ.

Se a proposta avançar e for aprovada, ela pode abrir caminho para que Bolsonaro consiga reverter sua inelegibilidade e se lançar novamente na corrida presidencial de 2026. Contudo, como destacado por Lula, a disputa no cenário eleitoral ainda dependerá de diversos fatores, incluindo a decisão da Justiça Eleitoral e a disposição do eleitorado em relação à candidatura do ex-presidente.

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Bruno Rigacci

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