Galípolo manda desagradável “recado” para Gleisi
A taxa Selic, que atualmente está em 12,25% ao ano, deve continuar sua trajetória de alta nos próximos meses, com expectativa de atingir 15% até julho de 2025, um patamar não visto desde 2006. A recente sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) indica que o juro básico subirá mais 2 pontos percentuais nas próximas reuniões, um movimento que tem gerado fortes reações no cenário político, especialmente por parte do governo Lula e do PT.
Entre as estimativas para o futuro da Selic, algumas são ainda mais pessimistas. O Santander Brasil, por exemplo, avalia que o aumento poderá ser ainda mais acentuado, com a taxa chegando a 15,50% até meados de 2025. Essa previsão reflete um cenário de inflação persistente e um aperto na política monetária para controlar o aumento dos preços, embora também signifique um custo maior para o crédito e a atividade econômica.
Gabriel Galípolo Sob Pressão
Gabriel Galípolo, recém-nomeado para o cargo de presidente do Banco Central, entra em cena em um contexto de grande pressão política. A gestão de sua antecessora, Roberto Campos Neto, que deixou o cargo em dezembro de 2024, foi marcada por críticas intensas do governo Lula. Campos Neto foi amplamente acusado pelo PT de conduzir uma política monetária excessivamente agressiva, com a elevação constante da Selic, o que, segundo o partido, impactou negativamente o crescimento econômico e pesou no bolso dos brasileiros.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi uma das principais vozes na oposição a Campos Neto, acusando-o de realizar “terrorismo” ao elevar a taxa de juros para níveis tão elevados. Para o governo Lula, o controle rigoroso da inflação não deveria vir à custa do crescimento e do emprego. Agora, com Galípolo assumindo a presidência do BC, a pressão sobre ele só tende a aumentar. O Copom já sinalizou que a Selic deverá subir ainda mais nas próximas reuniões, e a pergunta que se faz é: como o governo Lula reagirá a essa continuidade da política de juros altos?
O Dilema de Gleisi Hoffmann
Em meio a essa nova fase, a reação de Gleisi Hoffmann e do PT é aguardada com expectativa. Será que a presidente do PT continuará acusando o Banco Central de “terrorismo”, como fez com Campos Neto, ou encontrará um novo alvo para suas críticas? O governo Lula já demonstrou insatisfação com a manutenção de uma política monetária tão restritiva, que, na visão de muitos, impede o pleno crescimento da economia.
O próprio Galípolo, em sua primeira aparição pública após sua nomeação, já deu um recado claro: “O Copom não recebe comando por posts em redes sociais”, uma resposta direta às críticas de que o governo pode influenciar ou pressionar a política monetária por meio de manifestações públicas.
O recado de Galípolo parece visar tanto as pressões políticas internas quanto a postura de algumas figuras do governo, que buscam influenciar a atuação do BC. No entanto, o novo presidente do Banco Central tem ressaltado a autonomia da instituição, buscando afastar qualquer impressão de subordinação ao governo federal.
O Contexto Econômico e as Expectativas
O cenário atual, com a inflação ainda fora da meta e uma recuperação econômica frágil, coloca o Banco Central em uma posição difícil. O objetivo principal de Galípolo e do Copom será controlar a inflação, sem causar um efeito colateral negativo sobre o crescimento econômico. O aumento da Selic, por sua vez, tem impactos diretos sobre o crédito, o consumo e os investimentos, o que pode gerar desaceleração da economia.
Além disso, o novo presidente do Banco Central terá de lidar com a pressão da classe política, que exige uma política monetária mais amena, e com os desafios econômicos impostos pela alta carga tributária e pelos custos elevados para a produção e o consumo. A tarefa de encontrar um equilíbrio entre o controle da inflação e o estímulo ao crescimento econômico será central para a sua gestão.
Conclusão: Galípolo em um Tabuleiro de Xadrez Político
Gabriel Galípolo, portanto, assume um dos cargos mais desafiadores da administração pública brasileira, com a pressão da classe política, o contexto econômico complicado e a necessidade de preservar a autonomia do Banco Central. Sua primeira grande prova será lidar com a continuidade da política de juros elevados, enfrentando críticas tanto internas quanto externas. A reação do governo Lula e do PT será crucial para entender o rumo da relação entre o Executivo e o Banco Central nos próximos meses, especialmente diante das expectativas de uma Selic mais alta.
O desenrolar dessa relação, em um cenário de alta inflação e baixo crescimento, será um dos grandes pontos de tensão da política econômica do Brasil em 2025.