Advogado de Bolsonaro destrói relatório da PF: ‘Uma enorme narrativa contaminada pelo viés político’

Em uma entrevista ao jornal Estadão, o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno, que defende o ex-presidente Jair Bolsonaro, criticou duramente o relatório da Polícia Federal no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado, classificando-o como uma “narrativa contaminada pelo viés político”. O criminalista, com 27 anos de carreira, refutou as acusações e argumentou que não há nada de ilegal em questionar o sistema eleitoral. A seguir, alguns pontos destacados na entrevista.

O relatório da Polícia Federal e a acusação de tentativa de golpe
Cunha Bueno chamou a acusação de “absurda”, destacando que o relatório da Polícia Federal é baseado em presunções e não em provas concretas. Ele criticou a forma como o relatório é construído, apontando o uso recorrente do termo “possivelmente”, o que, para o advogado, indica que se trata de uma narrativa sem base sólida.

Sobre o plano de assassinato e envenenamento
O advogado afirmou categoricamente que o ex-presidente Bolsonaro nunca soube de qualquer plano para assassinar o ministro Alexandre de Moraes ou envenenar o presidente Lula. De acordo com ele, Bolsonaro só tomou conhecimento dessas alegações quando o relatório da Polícia Federal foi divulgado.

Críticas à atuação do ministro Alexandre de Moraes
Cunha Bueno também fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), alegando que ele não deveria ser o responsável por julgar o caso. Para o advogado, Moraes não pode ser “vítima, investigador e julgador” ao mesmo tempo, dado que o ministro é citado no inquérito como uma suposta vítima da trama. Além disso, Cunha Bueno lembrou que a relação entre o ministro e o ex-presidente é marcada por desavenças políticas, o que, segundo ele, prejudica a imparcialidade de Moraes.

Acusações de tentativa de golpe pelos ex-comandantes militares
Quando questionado sobre os depoimentos dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, que afirmaram que Bolsonaro teria proposto um golpe, o advogado refutou essas alegações. Ele garantiu que Bolsonaro nunca cogitou tomar qualquer ação golpista, afirmando que o ex-presidente apenas questionava o processo eleitoral de 2022 por meio de medidas jurídicas previstas na Constituição.

Bolsonaro e a “Carta ao comandante do Exército”
Cunha Bueno também negou que Bolsonaro tivesse conhecimento da carta mencionada pelo tenente-coronel Mauro Cid, que supostamente envolvia oficiais superiores do Exército. Segundo o advogado, o ex-presidente nunca soube da elaboração de tal documento.

O discurso contra o sistema eleitoral
Sobre a insistência de Bolsonaro em questionar as urnas eletrônicas, o advogado explicou que o ex-presidente não questionava apenas a possível fraude, mas também a eficiência do sistema eleitoral. Segundo ele, a análise das urnas era uma questão legítima, que visava garantir a transparência e o aprimoramento do processo eleitoral.

Possibilidade de futuro político e reeleição
Cunha Bueno se mostrou confiante quanto à possibilidade de Bolsonaro disputar eleições no futuro, afirmando que em uma democracia verdadeira, não há razão para impedir que o ex-presidente concorra, mesmo após o processo judicial em andamento. Ele defendeu que a criminalização do direito de questionar o processo eleitoral e a supressão das possibilidades políticas de Bolsonaro contribuiriam para uma perspectiva de relativização da democracia no Brasil.

Rebatendo a imputação de atos executórios de golpe
Sobre a acusação de que Bolsonaro teria participado de atos preparatórios para um golpe, o advogado argumentou que, mesmo que as alegações do relatório fossem verdadeiras, não seria possível responsabilizar o ex-presidente por atos de “cogitação”, que não envolvem execução concreta de ações.

Sobre os acampamentos e o 8 de Janeiro
Cunha Bueno também negou qualquer envolvimento de Bolsonaro com os acampamentos que se formaram após as eleições de 2022 e que foram ligados aos atos de 8 de janeiro de 2023. Segundo o advogado, o ex-presidente nunca incentivou essas manifestações e sua postura foi criticada por seu eleitorado, o que resultou em desgaste político.

Minuta de golpe
Por fim, o advogado reafirmou que Bolsonaro nunca participou da criação ou articulação de qualquer “minuta de golpe”, considerando as discussões pós-eleitorais como apenas questões jurídicas relacionadas ao sistema de votação.

Com esta defesa, Cunha Bueno busca descreditar as acusações de golpe contra Bolsonaro e reforçar a ideia de que as ações do ex-presidente foram sempre dentro dos limites legais e constitucionais.

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Bruno Rigacci

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