Aliados de Lira revelam o que está por trás da atitude de Dino e que PF pode ser acionada
A recente abertura de um inquérito pela Polícia Federal (PF), determinada pelo ministro Flávio Dino, para apurar supostas irregularidades na liberação de emendas de comissão, tem gerado apreensão entre os aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). De acordo com informações divulgadas pelo Estadão, as investigações estão sendo vistas por algumas fontes próximas ao deputado alagoano como tendo um alvo claramente definido: o próprio Lira, que está em processo de transição para a saída do cargo de presidente da Casa.
A investigação surge após líderes da Câmara terem assinado um ofício pedindo a liberação das verbas de emendas, o que, segundo algumas interpretações, pode ter motivado o foco da PF. Em conversas com o Estadão, interlocutores de Lira mencionam que o relacionamento entre o presidente da Câmara e o ministro Flávio Dino não é recente e que já houve momentos de tensão entre eles, alimentando a percepção de que o inquérito poderia ter um caráter político.
A situação remonta a um episódio de 2021, quando Lira estava em plena campanha pela presidência da Câmara, disputando o cargo com Baleia Rossi (MDB-SP). Durante esse período, Lira fez uma série de viagens aos estados e foi recebido por diversos governadores, mas não foi recebido por Flávio Dino, que, à época, era o governador do Maranhão. Segundo a assessoria de Dino, ele estava de férias e Lira foi recepcionado pelo governador em exercício, Carlos Brandão. Esse episódio, segundo aliados de Lira, pode ter alimentado uma relação tensa entre os dois, com Dino demonstrando desconforto com a postura do parlamentar.
A investigação sobre as emendas de comissão, portanto, acrescenta um novo elemento à tensão política em Brasília, especialmente diante do cenário de mudança de comando na Câmara dos Deputados. A relação entre os Poderes Executivo e Legislativo segue marcada por disputas e críticas mútuas, e o caso envolvendo Lira e Dino é mais um capítulo dessa disputa política.
A postura firme de Flávio Dino, que segue os passos de Alexandre de Moraes no STF em relação ao tratamento de questões políticas sensíveis, levanta dúvidas sobre a verdadeira motivação das investigações e gera um clima de apreensão nas fileiras do Congresso. A tensão em Brasília, alimentada por esses desdobramentos, deve se intensificar nas próximas semanas, com o desfecho das investigações possivelmente influenciando as relações entre os principais atores políticos do país.