Doutor da UNB fica espantado com a “ignorância” revelada por Moraes
Nos últimos dias, a opinião do ministro Alexandre de Moraes sobre o uso de “captcha” — um sistema de segurança digital usado para evitar fraudes na internet — gerou intensas críticas de diferentes setores, incluindo especialistas da área de tecnologia e opinião pública. O comentário de Moraes, que foi considerado por muitos uma “interferência desnecessária” em um tema técnico, provocou uma série de reações, inclusive a de Flávio Vidal, doutor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Brasília (UnB), que reagiu com um tom educado, mas firme.
Para críticos, declarações como a de Moraes refletem uma tendência preocupante de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se posicionarem em áreas que não dominam, o que leva a uma perda de credibilidade da corte e ao aumento das críticas sobre a atuação política do Judiciário. “É nisso que dá os ministros do STF se arvorarem a entendidos de todos os assuntos. Deveriam se ater a proteger a Constituição da República Federativa do Brasil”, afirma um dos parlamentares que comentou o caso, em linha com uma visão crescente de que a atuação de certos ministros ultrapassa os limites da interpretação constitucional e adentra campos que não são de sua competência.
Flávio Vidal, especialista da UnB, foi um dos primeiros a rebater a opinião de Moraes sobre o “captcha”. Com extrema educação, Vidal afirmou que a interpretação do ministro era “bem equivocada”, sem querer, segundo ele, “despertar a ira” dos envolvidos. O cientista da computação, ao apontar a falha na análise, demonstrou a desconexão entre o comentário do ministro e os conhecimentos técnicos sobre a segurança digital. O episódio, no entanto, gerou um movimento crescente nas redes sociais e nos meios acadêmicos, onde muitos questionam a validade de um juiz se manifestar sobre assuntos em que claramente não possui formação ou expertise.
O caso de Moraes se soma a outras declarações controversas de ministros do STF, que têm sido alvo de críticas de diversos setores da sociedade. Para muitos, o STF deve se concentrar na interpretação da Constituição, sem tentar dar palpite ou interferir em áreas nas quais os ministros não são especialistas. “Ficam cada vez mais desacreditados perante a opinião pública”, afirmam críticos, sugerindo que a corte está cada vez mais distante da realidade e das necessidades do povo brasileiro.
A repercussão de episódios como este abre uma discussão sobre o papel do Judiciário e o limite da atuação dos ministros, especialmente quando se trata de temas fora de sua área de conhecimento técnico. O debate segue em aberto, com especialistas e cidadãos atentos à forma como o STF irá conduzir suas decisões e declarações nos próximos meses.