Operação da PF mira servidores de tribunal superior e prende lobista

Nesta terça-feira (26), a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Sisamnes, que investiga um esquema de venda de decisões judiciais envolvendo advogados, lobistas, empresários, magistrados e servidores de tribunais. Foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão, além de uma prisão preventiva, em uma ação que visa desmantelar a prática criminosa que envolve o favorecimento ilícito em processos judiciais.

A operação tem como alvo servidores ligados a gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT). O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o uso de tornozeleiras eletrônicas, o afastamento de servidores e o sequestro de bens dos investigados. Entre os alvos está Andreson de Oliveira Gonçalves, acusado de atuar como intermediário na venda de sentenças. A PF investiga crimes de corrupção, organização criminosa, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional. As investigações apontam que decisões judiciais favoráveis eram negociadas em troca de pagamentos ilícitos.

O nome da operação, “Sisamnes”, faz referência à história mitológica do juiz persa que aceitou suborno para emitir uma sentença injusta e foi condenado pelo rei Cambises II, simbolizando a gravidade do ato de corromper o poder judiciário.

As investigações começaram a ganhar relevância após o homicídio de um advogado em dezembro de 2023, em Mato Grosso. O celular da vítima revelou mensagens que indicavam a venda de decisões judiciais em gabinetes de ao menos quatro ministros do STJ, o que intensificou o trabalho da PF.

Além disso, casos semelhantes de corrupção judicial têm sido alvos de investigações em outras regiões do Brasil. Em São Paulo, a Operação Churrascada resultou no afastamento do desembargador Ivo de Almeida, acusado de participar de um esquema de venda de sentenças. No Tocantins, o filho de um ex-presidente do Tribunal de Justiça foi preso por envolvimento em práticas semelhantes. No Maranhão e na Bahia, desembargadores e seus familiares também foram investigados por fraudes judiciais e desvios de recursos públicos, mostrando que o problema da corrupção no sistema judiciário é mais amplo e tem se espalhado por diversas partes do país.

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Bruno Rigacci

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