Girão destacou que a defesa de Cleriston havia apresentado oito pedidos de liberdade provisória, acompanhados de laudos médicos que indicavam risco de morte devido à gravidade de sua condição de saúde. No entanto, o pedido ainda não havia sido apreciado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e um parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda aguardava a decisão do ministro Alexandre de Moraes quando ocorreu a morte. O senador ressaltou que Cleriston era réu primário e possuía bons antecedentes criminais, estando preso provisoriamente há 10 meses sem que sua situação processual fosse resolvida. Para Girão, isso expõe uma falha das instituições em garantir direitos fundamentais, o que não apenas tirou uma vida, mas também comprometeu a credibilidade das estruturas democráticas do país.
O senador Jorge Seif (PL-SC) também se manifestou sobre a proposta da Câmara dos Deputados de conceder anistia a todos os envolvidos em manifestações desde 30 de outubro de 2022. Seif questionou a ideia de anistia, argumentando que ela seria inadequada para quem cometeu crimes, mas afirmou que, caso essa seja a solução momentânea, que se concretize, apesar de se perguntar quantas mortes ainda seriam necessárias para que algo fosse feito.
Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também expressou seu ponto de vista, dizendo que não se “sensibilizar com os acontecimentos atuais” demonstra maldade. Ele parabenizou os advogados que estão defendendo os presos políticos, destacando que não faz sentido alguém ser condenado a 17 anos de prisão em regime fechado por depredar o patrimônio público.
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) enfatizou a relevância da audiência, ressaltando que a presença de parlamentares do Senado e da Câmara mostra a preocupação com o tema. Damares defendeu a responsabilização dos radicais, mas com a devida distinção, para evitar injustiças. Ela também mencionou o impacto da prisão de Cleriston, que deixou sua esposa e duas filhas vulneráveis, destacando o sofrimento da família e o fato de que, como conservadora, foi impedida de visitar o preso, embora não tivesse qualquer relação com os eventos.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) cobrou esclarecimentos sobre a situação dos detentos e o respeito aos seus direitos fundamentais, além de pedir esclarecimentos sobre possíveis responsabilidades no caso da morte de Cleriston. Já o senador Magno Malta (PL-ES) criticou a atuação dos presidentes do Senado e da Câmara, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, respectivamente, e também a cobertura parcial da TV Senado sobre os eventos de 8 de janeiro. Malta ainda manifestou apoio à anistia dos presos pelos ataques aos prédios do Congresso, Palácio do Planalto e STF.
A audiência também contou com a presença da viúva de Cleriston, Jane Duarte, e suas filhas, que relataram a injustiça da prisão e a tortura sofrida por ele, culminando em sua morte. Ana Luísa, filha mais velha de Cleriston, afirmou que seu pai era uma pessoa de princípios cristãos, que respeitava todos e pregava o amor de Cristo, destacando o exemplo de vida que ele deixou.
Advogados que acompanharam a audiência, como Ezequiel Silveira, Gabriela Fernanda Ritter e Carolina Siebra, também se manifestaram, sendo que Carolina esteve presente no Senado, enquanto os outros se manifestaram por videoconferência.