O Globo vacila e inadvertidamente destrói narrativa da imprensa militante

Uma reportagem publicada pelo jornal O Globo trouxe informações que podem enfraquecer as investidas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, especialmente no contexto das alegações sobre um suposto “planejamento de golpe”. O jornalista Lauro Jardim divulgou trechos de conversas entre militares, revelando uma postura de frustração e impaciência com a falta de ação de Bolsonaro, mas sem evidências claras de que houvesse um plano concreto para executar um golpe.

O título da matéria, “Impacientes com Bolsonaro, militares alvos da PF usavam palavrões: ‘Quatro linhas é o c…'”, revela um tom descomposto e frustrado de figuras militares sobre a falta de decisões do ex-presidente. Entre as mensagens divulgadas, destaca-se uma troca de palavras entre o general Mario Fernandes e o coronel Reginaldo Vieira de Abreu, na qual o general expressa sua ansiedade sobre o fato de Bolsonaro ainda não ter assinado o decreto que, segundo ele, poderia configurar um movimento golpista. Ele escreveu:

“Cara, porra, o presidente tem que decidir e assinar esta merda, porra.”

Em outra mensagem, o coronel Reginaldo critica uma expressão frequentemente utilizada por Bolsonaro ao se referir à Constituição, dizendo:

“O senhor me desculpe a expressão, mas quatro linhas é o caralho. Quatro linhas da Constituição é o caceta.”

Esses relatos, no entanto, levantam questionamentos sobre a natureza das intenções de Bolsonaro. Em vez de apontar para um plano concreto de violação da ordem constitucional, as mensagens sugerem frustração e descontentamento com a inação do ex-presidente, o que, para muitos, demonstra uma preocupação com o cumprimento da Constituição — algo que, para outros, pode ser interpretado como uma falta de compromisso em levar adiante ações mais contundentes.

A questão, no entanto, não se resume às conversas entre os militares. O jurista André Marsiglia, em seu comentário sobre o caso, enumerou quatro pontos cruciais para se entender a situação sob uma perspectiva legal:

  1. Ausência de execução de atos ilegais: Se não há início de nenhuma ação concreta, não há crime. Pensamentos ou planos não executados não podem ser considerados ilegais, ou isso significaria criminalizar qualquer tipo de planejamento.
  2. Fatos de 2022 sem ameaça presente: Se as conversas e eventos ocorreram em 2022, sem uma ameaça iminente, não há razão para suprimir o devido processo legal ou adotar medidas drásticas de investigação.
  3. Presunção de inocência: Ignorar esses fatos pode prejudicar a presunção de inocência, um princípio fundamental do Estado de Direito.
  4. Isenção de Moraes: O jurista questiona a imparcialidade do ministro Alexandre de Moraes, sugerindo que, caso não haja prerrogativa de foro ou envolvimento de autoridades com foro privilegiado, o caso não deveria ser conduzido pelo STF.

Esses argumentos colocam em dúvida a interpretação de que houve, de fato, um “golpe” em andamento e desafiam as ações de investigação e julgamento que envolvem o ex-presidente e os militares.

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Bruno Rigacci

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