A prefeitura esperava que o evento resultasse em um aumento de cerca de R$ 10,2 milhões na arrecadação do ISS, mas os números divulgados posteriormente indicam que o impacto econômico foi muito menor. Entre maio de 2023 e maio de 2024, a receita do ISS nas atividades relacionadas ao turismo e eventos cresceu em menos de R$ 100 mil, passando de R$ 50,8 milhões para R$ 50,9 milhões, um aumento inferior à inflação acumulada no período, que foi de cerca de 4%. A expectativa era que a arrecadação atingisse R$ 60,9 milhões em 2024, algo que não se concretizou.
Além dos R$ 10 milhões investidos pela prefeitura do Rio de Janeiro, o governo do Estado também destinou outros R$ 10 milhões para o evento, totalizando um custo público de R$ 20 milhões. Parte desse investimento foi direcionado para a construção de uma passarela exclusiva que ligava o hotel Copacabana Palace à praia, permitindo à cantora um acesso direto ao local do show.
Críticas ao investimento
O resultado aquém do esperado gerou críticas, especialmente no âmbito político. O deputado estadual Leonardo Siqueira (NOVO-SP) afirmou que o show foi uma ação de “populismo político” e que não trouxe os benefícios econômicos esperados para a cidade. Segundo o parlamentar, houve um “efeito substituição”, no qual as pessoas que assistiram ao show deixaram de frequentar restaurantes, bares e outros eventos culturais, o que impactou negativamente a arrecadação em outros setores da economia local. Siqueira destacou que, apesar da presença de público no evento, o impacto econômico foi mínimo e não justifica o alto investimento de recursos públicos.
Considerações sobre a política de eventos
A experiência do show de Madonna levanta questões sobre a política de eventos financiada pelo poder público. Investimentos em grandes eventos culturais são muitas vezes promovidos como uma forma de atrair turistas e impulsionar a economia local, especialmente em setores como o turismo e a gastronomia. No entanto, o caso do Rio de Janeiro sugere que a arrecadação real pode ficar aquém das expectativas, especialmente quando não há uma estratégia clara para maximizar os benefícios para toda a economia local.
No cenário atual, a prefeitura do Rio de Janeiro enfrenta o desafio de equilibrar os custos desses eventos com o retorno real que eles trazem à cidade. Embora o show tenha sido um sucesso em termos de público, os resultados financeiros deixam uma lição importante para futuros investimentos em grandes eventos culturais.