Cleitinho pede “obstrução total” no Senado para destituir Moraes

O Senado Federal enfrenta uma profunda crise institucional, acentuada pelo aumento das tensões entre o Legislativo e o Judiciário, após 36 senadores aderirem ao requerimento de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), um dos principais defensores do pedido, fez um discurso contundente no plenário, criticando tanto a conduta de Moraes quanto a resistência do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em avançar com o processo.

Cleitinho enfatizou a urgência do momento, destacando que faltam apenas cinco assinaturas para atingir a maioria necessária para formalizar o impeachment. Essa movimentação reflete o descontentamento de muitos parlamentares com o que consideram interferências excessivas do STF em questões que, na visão deles, deveriam ser tratadas exclusivamente pelo Congresso Nacional. O clima de insatisfação no Legislativo com as decisões da Suprema Corte tem crescido.

O senador deixou claro que, se Pacheco não colocar o pedido em pauta, os senadores obstruirão todas as votações até que o processo avance, alertando sobre as consequências dessa paralisação, mas justificando a medida como uma necessidade diante da urgência institucional. Ele fez um apelo a Pacheco para que não ignore a pressão dos senadores favoráveis ao impeachment.

As tensões entre os poderes têm se intensificado, especialmente devido a decisões do STF que, segundo muitos parlamentares, extrapolam as atribuições do Judiciário. Um exemplo recente é a deliberação da Corte sobre a ilegalidade do porte de arma branca fora de casa, que alguns congressistas veem como uma tentativa de restringir direitos que deveriam ser debatidos e legislados pelo Congresso.

A resistência de Rodrigo Pacheco em avançar com o pedido de impeachment tem gerado desconforto entre os senadores apoiadores da medida. Pacheco defende uma relação de respeito entre os poderes, mas essa postura é interpretada por alguns como condescendência com o Judiciário, em detrimento do papel fiscalizador do Senado.

O discurso de Cleitinho marca um novo capítulo nas tensões entre o Senado e o STF. Ele enfatizou que a postura de Pacheco reflete uma desconexão com o sentimento de insatisfação entre os senadores. “Vamos obstruir tudo até que o presidente Pacheco coloque esse pedido de impeachment em pauta”, afirmou.

A crise institucional que o Brasil atravessa preocupa diversos setores da sociedade, gerando incertezas sobre a estabilidade política do país. A falta de entendimento entre os poderes levanta questionamentos sobre os limites de atuação de cada um. Enquanto o STF é acusado de extrapolar suas funções, a recusa do Senado em dar andamento ao impeachment gera uma sensação de impunidade.

A base de apoio ao impeachment de Moraes continua crescendo, e a expectativa é que mais senadores se unam ao requerimento nas próximas semanas. No entanto, a oposição à medida também é significativa, com alguns senadores preocupados com as consequências de um possível impeachment, que poderia exacerbar a crise entre os poderes.

Adicionalmente, o momento político é delicado, com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva enfrentando dificuldades internas e críticas por questões econômicas, como os crescentes gastos públicos. A situação do “Pé-de-Meia”, em que Lula é acusado de realizar gastos sem autorização do Congresso, contribui para a instabilidade atual.

Neste cenário tenso, o papel de Rodrigo Pacheco será crucial para o desfecho da crise. Se ele ceder às pressões e colocar o impeachment em pauta, o Brasil poderá enfrentar um confronto inédito entre os poderes. Por outro lado, a manutenção da obstrução pode levar a uma paralisia legislativa, agravando ainda mais a crise institucional.

Nos próximos dias, as movimentações no Senado e as repercussões do discurso de Cleitinho serão monitoradas de perto por aliados e opositores. A tensão entre Legislativo e Judiciário promete se intensificar, e o desfecho permanece incerto.

Compartilhe nas redes sociais

Bruno Rigacci

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site! ACEPTAR
Aviso de cookies