O erro estratégico de Pablo Marçal

Pablo Marçal, empresário e figura polêmica no cenário político brasileiro, passou por uma série de críticas e embates nos últimos meses, principalmente relacionados à sua trajetória e postura como aspirante a líder político. Durante esse período, um de seus maiores defensores foi o renomado consultor Stephen Kanitz, que, por cinco meses, permaneceu firme em sua defesa, enfrentando acusações e ataques ao lado de Marçal. No entanto, essa relação chegou ao fim, com Kanitz agora revelando seus pensamentos sobre os erros que, em sua opinião, custaram caro ao empresário.

Desde o início, Marçal foi alvo de uma série de acusações, incluindo falsificação de laudos e até envolvimento com facções criminosas como o PCC. Contudo, Kanitz sempre defendeu que essas alegações eram infundadas e que Marçal jamais se envolvera em atividades ilegais. Para ele, a riqueza de Marçal foi fruto de uma carreira legítima, com o empresário cobrando altas quantias como palestrante e construindo uma conexão espiritual com seus seguidores, pautada em sua fé cristã. “Sua conexão sempre foi com Jesus”, reiterou Kanitz.

Apesar de seu apoio incondicional, Kanitz admite que, desde o início, houveram falhas na relação com Marçal. Ele revela que, em seu primeiro encontro, cometeu o erro de partir diretamente para conselhos, sem antes estabelecer uma base de confiança sólida. Esse deslize, segundo Kanitz, comprometeu a relação estratégica entre eles. Ele também comparou Marçal ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que, em sua visão, atuou como um “Capitão” quando deveria ter assumido o papel de “General”. A metáfora, segundo Kanitz, aponta para o fato de que Marçal deveria ter delegado mais e se preservado dos confrontos diretos.

Kanitz acreditava que, assim como um General, Marçal deveria comandar sem se expor nas batalhas. Ele e outros aliados, como Filipe Sabará, poderiam assumir as frentes mais duras, protegendo Marçal. No entanto, o empresário ignorou esse conselho, preferindo atuar como uma “metralhadora giratória”, atacando diversos adversários e questões sem um foco estratégico.

Outro ponto de frustração para Kanitz foi a falta de reconhecimento por parte de Marçal. O consultor, que enfrentou críticas de seus próprios seguidores por defender o empresário, nunca recebeu um agradecimento ou qualquer gesto de gratidão. Em uma de suas conversas, Kanitz expressou seu descontentamento, mencionando que Marçal nunca ligou para motivá-lo ou para reconhecer seu apoio. A resposta de Marçal foi de surpresa, indicando que ele sequer tinha ciência do que estava acontecendo, algo que para Kanitz demonstrava a falta de compreensão sobre liderança estratégica.

Esse distanciamento também foi percebido na falta de orientações claras de Marçal a seus aliados. Segundo Kanitz, ao invés de dar um direcionamento preciso, Marçal preferiu dispersar seus ataques, perdendo a oportunidade de focar em figuras específicas, como Tabata Amaral ou Ricardo Nunes, que poderiam ser alvos de uma estratégia mais refinada.

O fim do apoio de Kanitz a Marçal se deu justamente por essa série de erros estratégicos, em especial a incapacidade de Marçal de liderar e de valorizar seus aliados. Para Kanitz, esses erros são graves demais para serem ignorados e comprometem as chances de Marçal em futuras disputas políticas, como a governadoria ou a presidência. “Vai ser difícil para ele se tornar governador ou presidente com essa atitude”, concluiu Kanitz.

A trajetória de Pablo Marçal, ao que tudo indica, enfrenta desafios não por falta de caráter, mas por sua inabilidade de liderar de maneira estratégica e de manter seus apoiadores próximos e motivados. Para Stephen Kanitz, essa falta de visão e a desconexão com os aliados são os fatores cruciais que explicam a atual situação delicada de Marçal no cenário político.

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Bruno Rigacci

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