Brasil não vota para estender investigação da ONU na Venezuela

O Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu prorrogar o mandato da missão que investiga as violações de direitos humanos na Venezuela. A resolução foi aprovada com 23 votos a favor, 6 contrários e 18 abstenções, incluindo a do Brasil, que optou por não votar.

A proposta foi apresentada por países como Argentina, Chile, Equador, Guatemala, Paraguai e Uruguai, além de organizações de direitos humanos, como a Human Rights Watch (HRW).

A missão do Conselho foi estabelecida em 2019, com o objetivo de examinar as violações ocorridas na Venezuela desde 2014. O mandato já havia sido renovado em 2020 e 2022, e uma nova extensão foi solicitada em setembro deste ano.

Cuba, Belarus e Rússia tentaram encerrar as investigações contra o governo de Nicolás Maduro através de emendas, mas essas propostas foram rejeitadas.

Além do Brasil, outros países como Bangladesh, Benin, Burundi, Camarões, Costa do Marfim, Gana, Honduras, Índia, Indonésia, Cazaquistão, Kuwait, Quirguistão, Malásia, Maldivas, Catar, África do Sul e Emirados Árabes Unidos também se abstiveram na votação.

A nova solicitação pede que a missão da ONU amplie suas investigações para incluir a repressão ocorrida após as eleições presidenciais de 2023, que resultaram na reeleição de Maduro, apesar das denúncias de falta de transparência.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva ainda não reconheceu a vitória de Maduro, mas enfrenta pressões por uma postura mais ativa em relação à crise na Venezuela. Após a votação, o diretor da Human Rights Watch no Brasil, Cesar Muñoz, criticou a abstenção do Brasil, chamando-a de “lamentável” e uma contradição, visto que o país havia apresentado emendas que foram aceitas na resolução.

Muñoz destacou que o Brasil, como um dos poucos países democráticos com acesso ao regime de Maduro, deveria usar essa posição para promover o respeito aos resultados eleitorais e aos direitos dos venezuelanos.

A oposição venezuelana continua afirmando ter vencido as eleições de 28 de julho e recebe apoio internacional. O ex-diplomata Edmundo González, que se encontra em exílio na Espanha, anunciou sua intenção de assumir a presidência em janeiro de 2025.

Compartilhe nas redes sociais

Bruno Rigacci

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site! ACEPTAR
Aviso de cookies