Pesquisadores mudam nomes de 200 plantas tidos como racistas
Em deliberações no Congresso Botânico Internacional realizado em Madri, na Espanha, pesquisadores decidiram mudar o nome científico de mais de 200 espécies de plantas por considerarem que as nomenclaturas tinham referências racistas. Segundo estudiosos, essa é a primeira vez que termos técnicos usados para se referir a plantas são mudados por motivos políticos e sociais, em vez de científicos.
Entre os termos alterados está a palavra “caffra”, que se encontrava no nome de plantas vindas da África e agora foi substituída por “affra”. Por exemplo, a árvore coral da costa, anteriormente chamada Erythrina caffra, agora será intitulada Erythrina affra.
A mudança foi aprovada por 351 votos contra 205, devido ao fato de que a palavra “caffra” significa “descrente” em árabe e era usada para se referir a não muçulmanos e, posteriormente, a escravos africanos. No sul da África, o termo é considerado tão ofensivo que pode resultar em pena de prisão.
Por outro lado, as alterações receberam críticas de cientistas que consideram importante preservar os nomes para evitar confusões na botânica mundial. Fred Barrie, botânico e integrante do comitê editorial do Código Internacional de Nomenclatura para Algas, Fungos e Plantas, expressou o temor de que a instabilidade no nome de milhares de espécies possa gerar “um pesadelo impraticável”.
Além das atualizações nos nomes já existentes, os novos que forem criados serão revisados por um comitê a partir de 2026 para evitar a perpetuação de termos ofensivos e o transtorno de mudá-los depois.