Estadão diz que Lula tenta burlar Constituição para bajular Putin

Política Nacional

A política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se tornou tema do novo editorial do jornal O Estado de São Paulo, que vem manifestando amplas críticas à gestão petista em seus textos opinativos. Nesta quinta-feira (4), o periódico defendeu que o atual governo está tentando burlar tratados de Estado – e consequentemente a própria Constituição – a fim de “bajular” o ditador russo, Vladimir Putin. Categórico, o veículo de imprensa intitulou sua análise como Amigos, Amigos, Criminosos à Parte.

A vinda de Putin ao Brasil representa a prisão do mesmo, pois o líder em questão possui um mandado contra ele expedido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) devido aos crimes de guerra cometidos na Ucrânia. Visto que nosso país é signatário do Estatuto de Roma – documento fundador do tribunal que está incorporado à Constituição -, Putin deve ser detido caso pise em solo brasileiro.

– Mas para Lula esse é só um detalhe inconveniente. Ele já disse que “o conceito de democracia é relativo”, donde se conclui que sua base de sustentação, o Estado de Direito, também deve ser. O cortejo a Putin não é de hoje. No ano passado, Lula afirmou que, “se eu for presidente do Brasil, e se ele vier ao Brasil, não tem como ele ser preso”. Advertido por algum assessor de que ele não tinha essa discricionariedade, refugou e reconheceu que a decisão caberia à Justiça. Mas aproveitou para tripudiar do TPI: “Eu nem sabia da existência desse tribunal”, acrescentando que iria rever a participação do Brasil. Sem a carta da ignorância na manga, restou a da má-fé – observou o jornal.

O editorial aponta que o governo tenta emplacar a tese de imunidade para chefes de Estado e chegou a enviar um documento à ONU nesse sentido.

– O que rebaixa ainda mais a política externa brasileira nesse tour de force para forjar um salvo-conduto para Putin é que provavelmente o ditador russo nem sequer o usaria. Desde a invasão da Ucrânia, Putin está enfurnado em Moscou. Com exceção de seus suseranos na China e um punhado de ditaduras amigas, não fez mais visitas internacionais. Ele faltou às cúpulas do G-20 na Indonésia e na Índia e foi gentilmente desconvidado a ir à cúpula dos Brics na África do Sul, precisamente porque o país também é membro do TPI – acrescenta o periódico.

O Estadão observa ainda que não há ganho algum para o Brasil nos esforços de Lula em defender a vinda de Putin. Para o jornal, trata-se apenas de mais uma “manobra da cruzada de Lula contra o Ocidente”, e a única coisa que importaria ao presidente é que Putin atue como “um porrete contra o ‘imperialismo estadunidense’”.

– É só essa doutrina de grêmio estudantil que explica, por exemplo, as contemporizações das atrocidades cometidas por ditaduras esquerdistas na América Latina, ou o endosso ao projeto chinês de transformar o Brics num clube de autocracias antiocidentais, ou o papel que Lula vem protagonizando de uma espécie de porta-voz do Hamas – assinalou.

O jornal finaliza afirmando que, caso Lula insista em “estender o tapete vermelho a mais um déspota criminoso”, caberá aos juízes brasileiros conduzir o convidado à sua cela.

*Pleno News

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *