PT recua da ideia de debater o papel das Forças Armadas e convocar conferência

Política Nacional

Após uma reunião do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), a decisão de convocar uma conferência para debater o papel das Forças Armadas e a relação com os militares foi revogada. A mudança de postura foi publicada em uma resolução divulgada na segunda-feira (10). O professor Valter Pomar apresentou um voto em separado, criticando a recusa do diretório em incluir uma emenda que afirmasse: “Não se poderá falar em democracia plena no Brasil, enquanto persistir a tutela militar. O Diretório Nacional do PT decide convocar uma conferência nacional para debater a política de Defesa Nacional e o papel das Forças Armadas”.

O documento final aprovado pelo diretório, intitulado “Brasil do presente e do futuro: no rumo certo”, faz uma análise dos primeiros seis meses do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o texto, o país está “iniciando a retomada da democracia e da normalidade institucional”. O diretório pede um aumento na pressão pela demissão do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chamado de “teimoso” pelo presidente Lula por manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano.

No entanto, durante a votação, o debate sobre os militares não foi mencionado, abandonando assim a ideia de convocar uma Conferência de Defesa e Forças Armadas. Essa demanda vinha sendo reivindicada por acadêmicos progressistas e entidades da sociedade civil com uma visão de esquerda.

Valter Pomar expressou sua insatisfação com a decisão, afirmando que perderam a oportunidade de discutir de forma mais aprofundada a questão militar no contexto do programa de reconstrução e transformação do partido. Ele também destacou que essa atitude contribuiu para serem surpreendidos pelos eventos ocorridos em 8 de janeiro, sem especificar a natureza desses eventos.

O secretário-geral do PT, Henrique Fontana, optou por não comentar as declarações de Pomar. O próprio Pomar afirmou que tudo o que precisava dizer estava em seu blog. Segundo Fontana, o tema não estava previsto na pauta e havia outras questões a tratar.

Essa decisão do PT de recuar da ideia de debater o papel das Forças Armadas gerou discussões sobre a posição do partido em relação aos militares e levantou questionamentos sobre a estratégia adotada para lidar com essa questão sensível. Enquanto alguns defendem um maior enfrentamento em relação à tutela militar, outros argumentam que é necessário encontrar o momento e o contexto adequados para debater o assunto.

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