Durante o evento de retomada do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, repreendeu a mestre de cerimônias. A situação ocorreu quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, estavam entregando a Ordem Nacional do Mérito Científico a pesquisadores e entidades.
Enquanto o presidente cumprimentava o físico Silvio Crestana, a mestre de cerimônias chamou a bióloga Selma Maria Bezerra Jerônimo. Janja, que estava ao lado de Lula, se aproximou do púlpito e repreendeu a profissional.
A intervenção de Janja ocorreu com a frase “Segura um pouco. Ele nem entregou a faixa. Segura um pouco, amiga”. A atitude da primeira-dama chamou atenção e gerou comentários sobre sua suposta influência no governo.
Entre os pesquisadores que receberam a condecoração estava a médica sanitarista Adele Benzaken e o infectologista Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda. Ambos já haviam recebido a honraria anteriormente, mas tiveram suas condecorações revogadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Benzaken foi demitida no início do mandato de Bolsonaro após a divulgação de uma cartilha voltada para homens trans. Já Marcus Lacerda liderou o primeiro estudo mundial que descartava a cloroquina como tratamento eficaz contra a Covid-19. Na época, 21 outros cientistas renunciaram às suas condecorações em apoio aos colegas.
Aliados de Lula têm expressado preocupação com a influência excessiva da primeira-dama em assuntos do governo. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, Janja tem interferido em temas importantes da gestão desde que instalou-se em um gabinete próximo à sala presidencial.
A atitude de Janja no evento e as especulações sobre sua atuação no governo geram discussões sobre os limites da influência dos familiares do presidente e levantam questionamentos sobre a dinâmica de poder no atual contexto político.
