Presidente Lula busca mediar relação da Igreja Católica com a ditadura na Nicarágua

Política Nacional

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou hoje, após uma audiência com o papa Francisco no Vaticano, que se empenhará em mediar a relação entre a Igreja Católica e a ditadura de esquerda liderada por Daniel Ortega na Nicarágua. Lula expressou sua intenção de conversar com Ortega para pleitear a libertação do bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez, atualmente em prisão domiciliar e condenado a 26 anos pelo regime sandinista.

Durante uma entrevista coletiva na Itália, Lula destacou a situação delicada enfrentada pela Igreja na Nicarágua devido à prisão do bispo e ressaltou que a única demanda da instituição é a liberação do religioso para que ele possa exercer suas funções religiosas na Itália. Lula se mostrou determinado em ajudar na resolução desse impasse, caso seja possível, afirmando que não há motivo para impedir que o bispo exerça suas atividades na Igreja. Ele também fez uma crítica indireta a Ortega, sugerindo que o ditador errou e deveria reconhecer seu erro e pedir desculpas.

Lula possui uma relação de longa data com o ditador nicaraguense e já defendeu publicamente Ortega, mesmo diante das críticas relacionadas às violações de direitos humanos e à falta de alternância no poder no país. O Brasil tem oferecido acolhimento a nicaraguenses que perderam a nacionalidade por decisão do governo e tem expressado preocupação com as violações de direitos humanos perante o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. No entanto, o governo brasileiro evitou assinar uma resolução que citava crimes contra a humanidade cometidos pelo regime, tema que foi usado contra Lula nas eleições do Brasil.

O bispo Rolando Álvarez é uma figura central da Igreja Católica atingida pelas restrições impostas por Ortega, em um momento de endurecimento do regime. O clérigo foi acusado de traição à pátria e recusou-se a deixar o país junto a um grupo de mais de 200 deportados para os Estados Unidos, incluindo padres e seminaristas. Além disso, Ortega fechou veículos de comunicação, tomou escolas e expulsou ordens de freiras e o núncio apostólico, representante diplomático da Santa Sé, da Nicarágua.

Durante a audiência no Vaticano, o papa e Lula trocaram impressões sobre a situação sociopolítica na América Latina, incluindo o tema da Nicarágua. Questionado sobre a possibilidade de sugerir a Ortega que fizesse um pedido de desculpas formal ao Vaticano, Lula afirmou que ainda precisa conversar com o ditador.

A busca de Lula por mediar a relação entre a Igreja Católica e o regime de Daniel Ortega demonstra sua preocupação com a situação de violações de direitos humanos e reafirma seu papel como um ator político influente na América Latina. Resta aguardar os desdobramentos dessas negociações e o impacto que elas podem ter tanto para o bispo Álvarez quanto para a relação entre a Igreja e o regime nicaraguense.

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