Governo discute bancar renda básica por meio de privatizações
Um grupo de empresários tem discutido com o governo como viabilizar a criação de um fundo abastecido com recursos de privatizações e venda de imóveis para financiar um programa de renda básica no Brasil.
A ideia dos integrantes do chamado Movimento Convergência Brasil é, no curto prazo, usar recursos de dividendos de empresas e da comercialização dos imóveis para ampliar o alcance das transferências de renda.
Já o foco de médio e longo prazo seria a constituição do fundo, a partir das receitas obtidas com privatizações e com reformas que geram economia de gastos, como a administrativa.
No início de maio, representantes do grupo se reuniram com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e depois com o secretário de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, Diogo McCord, para discutir estratégias para o que vem sendo chamado de “Fundo Brasil”.
Pela proposta do grupo, 30% das receitas obtidas seriam colocadas em um fundo financeiro. A cada ano, um percentual seria sacado para bancar o programa de renda básica. Segundo Elvaristo do Amaral, que lidera o movimento, uma das preocupações é com a governança do fundo, para garantir o uso efetivo dos recursos.
– O ministro gostou demais da ideia, de um fundo social que seja sustentável, significativo e de preferência vá direto para o bolso do beneficiário sem intermediários – disse Amaral.
FUNDO PARA BANCAR PROGRAMAS SOCIAIS
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo há dez dias, Guedes mencionou a ideia de criar um fundo para bancar os programas sociais.
– Vamos devolver as estatais ao povo brasileiro. Cada estatal vendida dá ganho de capital para o povo E, se não vender? Pega um pedaço dos dividendos e coloca para eles. Cria um fundo de distribuição de riqueza, capitalismo popular – afirmou.
Procurado, o Ministério da Economia disse não comentar medidas em estudo.
Segundo Amaral, o grupo tem analisado experiências internacionais e mantém contato com representantes do Temasek, fundo soberano de Cingapura, para observar modelos e mecanismos que possam ser incorporados na versão brasileira.
Há também uma preocupação com a governança para blindar o fundo contra ingerências externas.
– A gestão precisa ser devidamente blindada, com seriedade nas escolhas dos dirigentes e sempre com participação muito forte de representantes da sociedade civil.
As discussões também buscam solucionar obstáculos hoje da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Um dos dispositivos proíbe o uso de receitas de venda de bens, inclusive empresas, para financiar gastos correntes, como benefícios sociais. A exceção são os benefícios previdenciários, como aposentadorias do INSS.
*Estadão
Fonte: Pleno News