PF investiga lobista ligada a esquema de descontos ilegais no INSS e apura possível elo com Lulinha

A Polícia Federal incluiu a empresária e lobista Roberta Luchsinger entre os alvos da Operação Sem Desconto, que apura um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ação de busca e apreensão contra a lobista foi realizada na quinta-feira (18).

Roberta Luchsinger mantém amizade com Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Registros oficiais obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) indicam que a empresária esteve no Palácio do Planalto em duas ocasiões no mês de abril de 2024: no dia 17, às 17h30, e no dia 18, às 12h30.

O sistema de controle de acesso da Presidência da República também aponta que Lulinha entrou no Planalto em três datas no início de 2024 — 17 e 31 de janeiro e 7 de março. A Secretaria de Comunicação da Presidência informou que o sistema não registra com quem os visitantes se reuniram nem a finalidade das visitas.

Segundo a investigação da Polícia Federal, Roberta Luchsinger teria recebido R$ 1,5 milhão, divididos em cinco transferências de R$ 300 mil. Os pagamentos teriam sido autorizados por Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado pelos investigadores como um dos principais articuladores do esquema fraudulento.

De acordo com a PF, a lobista teria atuado como intermediária entre Antunes e Lulinha. Mensagens apreendidas durante a investigação detalham a movimentação financeira. Em uma das comunicações interceptadas, Antunes solicita a um operador que realize um dos pagamentos à empresa RL Consultoria e Intermediações, pertencente a Roberta.

Ao ser questionado sobre quem seria o destinatário final dos recursos, Antunes respondeu com a expressão “o filho do rapaz”. Os investigadores apuram a quem essa referência se refere no contexto da organização criminosa.

A Polícia Federal também identificou que a Brasília Consultoria Empresarial Ltda., responsável pelas transferências à empresa de Roberta, seria uma empresa de fachada vinculada ao grupo de Antônio Camilo Antunes. Segundo os investigadores, os valores transferidos tinham como justificativa a prestação de serviços que, até o momento, não teriam sido comprovados.

Para a PF, o papel de Roberta Luchsinger seria considerado central no esquema. O relatório policial afirma que ela teria atuado de forma “essencial para a ocultação de patrimônio, movimentação de valores e gestão de contas bancárias e estruturas empresariais utilizadas como instrumentos da lavagem de capitais”. O documento classifica a lobista como integrante do núcleo político da organização criminosa investigada.

As apurações seguem em andamento, e os envolvidos ainda poderão apresentar esclarecimentos e exercer o direito à ampla defesa.

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Bruno Rigacci

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